Outubro é um mês marcado pela conscientização sobre o câncer de mama em todo o mundo, e essa iniciativa é conhecida como "Outubro Rosa". É um momento crucial para reforçar a importância da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz dessa doença que afeta milhões de mulheres em todo o planeta. No entanto, é essencial reconhecer que a conscientização sobre o câncer de mama não pode ser dissociada das complexas questões de gênero e raça que permeiam a sociedade brasileira.
Origem do Outubro Rosa:
O movimento Outubro Rosa teve início na década de 1990, nos Estados Unidos, quando a Fundação Susan G. Komen for the Cure criou a famosa fita rosa como símbolo da luta contra o câncer de mama. Desde então, essa campanha se espalhou pelo mundo, promovendo ações de conscientização, prevenção e arrecadação de fundos para pesquisas sobre o câncer de mama.
A Importância da Conscientização:
No Brasil, o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, e a detecção precoce aumenta significativamente as chances de cura. O Outubro Rosa desempenha um papel crucial ao chamar a atenção para a necessidade de exames regulares, como a mamografia, e para a adoção de hábitos saudáveis que reduzem os riscos dessa doença.
A Relação com as Mulheres Negras:
Porém, é fundamental compreender que a conscientização sobre o câncer de mama não deve ser homogênea. No Brasil, as mulheres negras enfrentam desafios adicionais no que diz respeito à saúde. A interseção entre gênero e raça coloca essas mulheres em uma posição de vulnerabilidade.
Estatísticas de Mortalidade:
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), as mulheres negras no Brasil têm uma taxa de mortalidade por câncer de mama 23% maior do que as mulheres brancas. Além disso, o câncer de colo do útero, que também afeta desproporcionalmente as mulheres negras, representa um sério problema de saúde pública. Essa disparidade nas estatísticas de mortalidade é reflexo de diversos fatores, incluindo acesso limitado a serviços de saúde, diagnóstico tardio e desigualdades sociais e econômicas.
O Outubro Rosa é uma campanha vital, mas é necessário abordá-la de maneira sensível às nuances de gênero e raça. A conscientização deve se estender a todas as mulheres, com um foco especial nas que enfrentam maiores desafios. Combater o câncer de mama e o câncer de colo do útero em comunidades negras exige um esforço conjunto da sociedade, das instituições de saúde e das políticas públicas para eliminar as disparidades e garantir que todas as mulheres tenham acesso igualitário ao diagnóstico e tratamento adequados. Só assim poderemos verdadeiramente celebrar o Outubro Rosa como um mês de conscientização e esperança para todas.
Por Paulo pereira
Prof. de História/ ACS