BRASÍLIA, 1 de novembro — Em entrevista concedida à emissora francesa TF1, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar que a Cúpula do G20 (Rio de Janeiro) não deverá abordar a guerra na Europa, sugeriu que a Ucrânia deveria aceitar que a Rússia realize um novo referendo nas regiões ucranianas parcialmente ocupadas após a nova invasão russa de 2022 para deixar "o povo decidir" sobre uma anexação pela Rússia.
A proposta de Lula já foi implementada em setembro de 2022, quando quatro regiões parcialmente ocupadas pela Rússia na Ucrânia (Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk) foram submetidas a uma "votação" ao estilo russo, na qual o resultado superou 95% de aprovação pela anexação desses territórios à Federação russa.
Apenas Bielorrússia, Coreia do Norte, Síria, Nicarágua e Venezuela reconheceram o resultado da "votação".
"Eu fico pensando: a Rússia diz que o território que eles estão ocupando é isso, a Ucrânia diz que é deles. Por que ao invés de guerra não faz um referendo para saber com quem o povo quer ficar? Seria muito mais simples, muito mais democrático e muito mais justo. Vamos deixar o povo decidir" -Lula em entrevista ao TF1
Lula havia convidado Vladimir Putin para participar da cúpula do G20 que acontecerá no Rio de Janeiro entre os dias 18 e 19 de novembro (o convite não foi feito ao presidente ucraniano), porém Putin recusou o convite sob o argumento de que não gostaria de prejudicar o trabalho da reunião.
"Nós temos dois pequenos problemas. Nós não convidamos o Zelensky para participar, e o Putin não vai participar. Nós não achamos que esse fórum do G20 será espaço para discutir a guerra entre os dois países. Achamos que esse fórum é para discutir os temas abordados no ultimo G20" -Lula em entrevista ao TF1
Relevante: Quando ainda existia a possibilidade de Putin vir ao Brasil, o governo ucraniano enviou formalmente uma solicitação para que Zelensky também fosse convidado. O governo Ucrânia não recebeu qualquer tipo de resposta.
O Brasil é signatário do Tribunal Penal Internacional, no qual consta um mandado de prisão contra Putin por "crimes de guerra" (sequestro de crianças ucranianas das regiões ocupadas por Forças russas, assunto que já foi abordado de forma aberta pela Rússia em entrevistas divulgadas nas estatais locais).
Caso Putin visite um país signatário do Tribunal, seu mandado de prisão deverá ser executado pelo país anfitrião ou por qualquer outro dos 124 membros do tratado, com a devida autorização da Justiça local.
Lula chegou a afirmar em algumas entrevistas que desrespeitaria a Lei Internacional para receber Putin no Brasil, mas depois precisou recuar e usar seus canais oficiais para esclarecer suas declarações, que na época geraram grande polêmica e repercussão interna e externa.
(Matéria em atualização)
O Apolo Brasil