
A figura do olheiro, antes mítica no futebol, está mudando com a ascensão da Inteligência Artificial (IA). O que antes dependia de um olhar atento e anotações em cadernos, agora se beneficia de ferramentas tecnológicas que prometem democratizar o acesso às peneiras e otimizar a identificação de talentos.
Empresas como a alemã Rogon, com seu programa CUJU, estão na vanguarda dessa transformação. A plataforma permite que jovens atletas realizem exercícios físicos orientados por vídeo e sejam avaliados por IA, que atribui uma pontuação baseada em seu desempenho. Os melhores ranqueados são então indicados a clubes parceiros, tudo de forma virtual.
"A ideia é democratizar as peneiras, fazer uma fase inicial de forma virtual e depois indicar estes atletas para alguns clubes." explica Roger Wittmann, CEO da Rogon.
Em Santa Catarina, o CUJU promoveu "A Jornada", um programa que levou atletas com bom desempenho no aplicativo para testes presenciais no estádio do Barra FC, em parceria com o Hoffenheim, da Alemanha. O ex-goleiro Júlio César participou como jurado.
Outras plataformas, como a Footbao, combinam inteligência artificial com análise humana, promovendo torneios entre escolinhas e utilizando vídeos e reconhecimento facial para a avaliação técnica dos atletas. Na Europa, a aiScout permite que jogadores amadores participem de testes virtuais para clubes profissionais, incluindo gigantes como Chelsea e Burnley.
"Dizemos aos olheiros: "Vá até esse lugar porque há três jogadores realmente se destacando para o padrão do Chelsea". Esse será o melhor uso do seu tempo." afirmou Richard Felton-Thomas, diretor de operações da aiScout.
Clubes tradicionais também estão adotando soluções baseadas em IA. O Sevilla, da Espanha, lançou em 2024 o Scout Advisor, em parceria com a IBM, combinando dados quantitativos e relatórios qualitativos para identificar talentos com maior precisão.
A ascensão da IA não significa o fim dos olheiros, mas sim uma reconfiguração de seu papel. Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, acredita que os profissionais que souberem usar a IA a seu favor terão vantagem.
"A incorporação de tecnologia na avaliação de atletas é inevitável. Ela não vai substituir os avaliadores, especialmente na iniciação esportiva, mas vai mudar como as avaliações iniciais em lote são feitas." explica Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil.
Para Rafael Luz, da Keeggo, a IA qualifica o processo de avaliação e melhora a experiência do jovem atleta, oferecendo clareza sobre seu desempenho e oportunidades de aprimoramento. A inteligência artificial tem o potencial de se tornar uma grande aliada dos olheiros, ajudando a filtrar talentos e oferecendo análises baseadas em métricas objetivas.
*Reportagem produzida com auxílio de IA