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política

Acusação de golpismo abala militares, que reagem


Foto: imagem internet

A denúncia pelo tenente-coronel Mauro Cid de que o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, se mostrou favorável a uma tentativa de golpe de Estado proposta por Jair Bolsonaro (PL) e revelada por Bela Megale provocou constrangimento entre os militares. O atual comandante, almirante Marcos Sampaio Olsen, afirmou que o suposto golpismo do antecessor não representa a posição da Força. "Definitivamente essa não é a posição da Marinha. O interesse da Força é que seja o quanto antes esclarecido [o fato] e que se procure individualizar as condutas e se retire esse manto de suspeição. Naturalmente que a exposição de um ex-comandante da Marinha em alguma medida implica a Força", disse. (Globo)

Já o general Tomás Paiva, comandante do Exército, avaliou, em entrevista a Eliane Cantanhêde, que o almirante fez "uma bravata". "A Marinha embarcou? Não. E que tropas ele (Garnier) tinha para essa aventura maluca?" E criticou: "Isso tudo é tão extemporâneo que nem dá para a gente compreender. Em que lugar do mundo ainda se fala e se dá golpe militar? Coisa mais fora de época." Segundo Cid, Bolsonaro desistiu do golpe pela falta de adesão do Alto Comando do Exército. (Estadão)

O ministro da Defesa, José Múcio, disse que a revelação de Cid "não mexe com ninguém que está na ativa". Mas Guilherme Amado revela que sete dos oito almirantes do Comando da Marinha já estavam no atual posto no fim do governo Bolsonaro. Múcio avaliou que as Forças Armadas, enquanto instituição, garantiram "a manutenção da democracia" e que avanços golpistas foram "atitudes isoladas de componentes das Forças". (Metrópoles)

"Dentro das quatro linhas da Constituição." Recorrendo mais uma vez a esse bordão, a defesa de Jair Bolsonaro se pronunciou ontem sobre o conteúdo da delação premiada de Cid. De acordo com o relato do militar, logo após a derrota no segundo turno, Bolsonaro recebeu do assessor Filipe Martins uma minuta de decreto para convocar novas eleições, que incluía a prisão de adversários. O então presidente teria apresentado o plano aos comandantes militares, mas apenas Garnier apoiou. "Jamais tomou qualquer atitude que afrontasse os limites e garantias estabelecidas pela Constituição e, via de efeito, o Estado Democrático de Direito", diz a nota assinada pelos advogados do ex-presidente, que, sem citarem Cid, falar em processar caluniadores. (Folha)

Enquanto isso... Filipe Martins, que, segundo Cid, teria entregado a minuta golpista a Bolsonaro, sumiu de circulação após a mudança de governo. Sem cargo público, ele evita dizer até para aliados onde está morando e silenciou suas antes ativas contas em redes sociais. (Metrópoles)

Míriam Leitão: "Os militares estão aguardando a Justiça divulgar o conteúdo das investigações da Polícia Federal que estão em curso, e definir exatamente os culpados do complô golpista para expulsar da corporação esses integrantes. Eles preferem agir depois de a Justiça definir as culpas, mas a decisão de afastar quem se envolveu já está tomada". (Globo)

Da Redação

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