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opinião

"Masculinidades Negras: Rompendo Estereótipos e Enfrentando Desafios"

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Foto: imagem lustrativa

Eu sou um homem negro e jornalista. Há alguns dias, acompanhei uma discussão nas redes sociais que me fez refletir sobre a minha própria identidade e os desafios que enfrento na sociedade brasileira. A discussão girava em torno da relação entre masculinidades negras, racismo e machismo, e como esses fatores se entrelaçam na construção de uma subjetividade marcada pela opressão e pela resistência.

A complicada relação entre masculinidades negras, racismo e machismo

O debate começou quando uma mulher negra, ativista e feminista, publicou um texto criticando a postura de alguns homens negros que reproduzem discursos e atitudes machistas, violentas e desrespeitosas com as mulheres negras. Ela argumentava que esses homens negros, ao invés de se aliarem às mulheres negras na luta contra o racismo, acabam reforçando a lógica do patriarcado branco e contribuindo para a manutenção de um sistema opressor.

A repercussão do texto foi enorme. Muitas mulheres negras se identificaram com as críticas e compartilharam suas experiências de violência, abuso e silenciamento por parte de homens negros. Por outro lado, muitos homens negros se sentiram ofendidos e atacados pelo texto, e reagiram com agressividade, ironia e desqualificação. Alguns homens negros acusaram a autora do texto de ser racista, de generalizar e de não reconhecer as especificidades das masculinidades negras. Outros homens negros tentaram minimizar o problema, dizendo que o machismo é uma questão cultural e que não se pode culpabilizar os homens negros por algo que eles aprenderam desde crianças.

O que se seguiu foi uma troca de acusações, ofensas e xingamentos entre os dois lados, que acabou gerando mais polarização e ressentimento. A discussão ultrapassou as fronteiras virtuais e ganhou as ruas, as escolas, os espaços de trabalho e as organizações sociais. Muitas pessoas negras se viram divididas entre apoiar as mulheres negras ou os homens negros, sem perceber que essa dicotomia é falsa e prejudicial para a comunidade negra como um todo.

A necessidade de uma reflexão da comunidade negra

Diante desse cenário, eu me perguntei: como eu me posiciono nessa questão? Como eu posso contribuir para um diálogo mais construtivo e respeitoso entre as mulheres negras e os homens negros? Como eu posso reconhecer os meus privilégios como homem negro e ao mesmo tempo denunciar o racismo que sofro como homem negro? Como eu posso me libertar das amarras do machismo que me impedem de expressar a minha sensibilidade, a minha vulnerabilidade e a minha afetividade como homem negro?

Eu não tenho respostas prontas para essas perguntas. Mas eu sei que elas são fundamentais para que eu possa compreender melhor a minha própria identidade e o meu papel na sociedade. Eu sei que elas são essenciais para que eu possa me relacionar melhor com as mulheres negras, reconhecendo-as como parceiras, aliadas e companheiras na luta contra o racismo. Eu sei que elas são imprescindíveis para que eu possa me reconectar com os outros homens negros, criando laços de solidariedade, fraternidade e cuidado mútuo.

Eu sei que essa reflexão não é fácil nem confortável. Ela exige coragem, humildade e disposição para o aprendizado. Ela implica reconhecer os erros, pedir desculpas, mudar de atitude. Ela demanda escutar, dialogar, compreender. Ela envolve questionar, desconstruir, transformar.

Mas eu também sei que essa reflexão é urgente e necessária. Ela é uma forma de resistir ao racismo e ao machismo que nos desumanizam e nos matam todos os dias. Ela é uma forma de afirmar a nossa existência e a nossa dignidade como homens negros. Ela é uma forma de construir uma sociedade mais justa e igualitária para todas as pessoas negras.


Por Paulo pereira

O debate das redes sócias é fruto da minha imaginação para abrir o diálogo sobre esse tema.

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