"O Lula tem adotado um discurso está em linha com o nosso e queremos conversar com ele e outros pré-candidatos para que eles incluam no plano de governo o fim dessa PPI e busquem uma alternativa para amortizar para os consumidores uma alta dos preços do petróleo muito forte no mercado internacional", disse Wallace Landim, o Chorão, presidente da Associação Brasileira dos Condutores Automotores (Abrava) e um dos líderes da greve de 2018. "O conto de fadas acabou. Fomos iludidos em 2018 e agora não vamos cair mais (na conversa de Bolsonaro)", disse Chorão, em entrevista ao Blog, que já conversou com "pessoas muito próximas" de Lula e sua equipe está tentando agendar um encontro com o ex-presidente.
Chorão contou que frustração dos caminhoneiros com Bolsonaro é generalizada e a categoria partiu em busca de um candidato que possa ouvi-los e não faça novas promessas vagas. Para eles, é preciso que os uma alternativa mais viável à política de paridade de preços internacionais da Petrobras, a PPI, implementada em 2016, durante o governo Michel Temer (MDB), que ajudou a estatal a lucrar mais de R$ 100 bilhões no ano passado.
Em propaganda na televisão, Lula vem criticando a PPI e reforçou a tese de que os brasileiros ganham em reais e não podem continuar pagando a variação em dólar do combustível, em um discurso parecido com o dos caminhoneiros quando criticam a alta dos preços dos combustíveis. "Nossa ideia é conversar com todos os presidenciáveis, inclusive, com Sergio Moro (União) se ele for mesmo candidato", disse Chorão, que contou que já teve um encontro recente com o ex-governador Ciro Gomes, pré-candidato do PDT.
"O que precisamos é de um candidato que vai tentar fazer alguma coisa e não venha prometendo apenas. É preciso que ele coloque em seu plano de governo a mudança na política de preços da Petrobras", afirmou o líder dos caminhoneiros. Ele reforçou que a categoria está bastante desiludida com Bolsonaro, porque tanto ele quanto o ex-ministro Tarcisio Gomes (PL) — que deixou o cargo para disputar o governo de São Paulo –, não cumpriram as promessas de campanha e o que concederam foi tudo "balão apagado", como a promessa do auxílio diesel de R$ 400 que não enche o tanque de um caminhão que tem 600 litros. "A gente não quer esmola, apenas condição de trabalhar com dignidade", frisou.
Chorão lembrou que a Abrava, inclusive, têm ação na Justiça para acabar com essa prática, mas que está tramitando a passos lentos nos tribunais do Rio de Janeiro. "Estamos aguardando e torcendo para alguma decisão favorável", disse.
Da Redação com Vicente Nunes