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Em vídeo obtido pela PF, Bolsonaro diz a ministros que Brasil viraria 'grande guerrilha' se reagisse depois das eleições

Gravação estava em computador de Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro; reunião ocorreu em julho de 2022. VĂ­deo foi incluĂ­do em inquĂ©rito que apura tentativa de golpe de Estado; Bela Megale, de O Globo, obteve imagens com exclusividade.


Gravação obtida pela PF mostra reunião de Bolsonaro com ministros em julho de 2022

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em um vĂ­deo apreendido pela PolĂ­cia Federal (PF) dizendo a ministros que era necessĂĄrio agir antes das eleições para que o Brasil não virasse "uma grande guerrilha". A gravação é de uma reunião da alta cĂșpula do governo feita em 5 de julho de 2022.

O vĂ­deo foi divulgado pela jornalista Bela Megale, do jornal O Globo. A jornalista Andréia Sadi, do g1 e da GloboNews, também teve acesso ao material.

A gravação é uma das peças que embasaram a operação da PF contra militares e ex-ministros suspeitos de participarem de uma tentativa de golpe de Estado.

A PF encontrou o vĂ­deo no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid firmou acordo de delação premiada com a PolĂ­cia Federal, jĂĄ homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Segundo a PF, na reunião, o então presidente ordenou a disseminação de informações fraudulentas para tentar reverter a situação na disputa eleitoral.

"Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dĂșvida que a esquerda, como estĂĄ indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições", disse.

As supostas fraudes eleitorais alegadas por Bolsonaro ao longo de quatro anos de mandato nunca existiram. A lisura do processo e a confiança no resultado foram reafirmadas por autoridades nacionais e internacionais, diversas vezes.

Em outro ponto da reunião, Bolsonaro propõe que os presentes participassem da redação de um documento que afirmasse ser impossĂ­vel "definir a lisura das eleições" e incluĂ­sse elementos externos, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

"Nós não podemos, pessoal, deixar chegar as eleições e acontecer o que estĂĄ pintado, estĂĄ pintado. Eu parei de falar em voto imp... e eleições hĂĄ umas trĂȘs semanas. VocĂȘs estão vendo agora que... eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes."

Em nota divulgada na quinta, a OAB diz que "nunca foi procurada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ou seus interlocutores para a finalidade mencionada".

"A urna eletrônica é motivo de orgulho para o Brasil. A Ordem rejeitou as falsas acusações contra a Justiça Eleitoral por meio de notas, artigos, entrevistas, discursos e outros documentos. Fomos a primeira entidade civil a reconhecer a legitimidade dos resultados da eleição de 2022", diz a entidade.

Em trecho que jĂĄ havia sido divulgado pelo g1, a partir de transcrições feitas pela PolĂ­cia Federal e incluĂ­das no inquérito das milĂ­cias digitais, Bolsonaro afirma que Lula venceria as eleições e que as pesquisas estariam certas, "de acordo com os nĂșmeros que estão dentro dos computadores do TSE".

Por outro lado, Bolsonaro diz no vĂ­deo que o TSE cometeu um erro ao chamar as Forças Armadas para integrar a Comissão de TransparĂȘncia das Eleições.

"Eles erraram [ao incluir as Forças Armadas]. Para nós, foi excelente. Eles se esqueceram que sou o chefe supremo das Forças Armadas?", afirmou.

Bolsonaro diz que TSE cometeu um erro e se beneficiou disso

Em outro trecho da gravação, o ex-presidente cita os ministros Edson Fachin, Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e afirma que "estão preparando tudo para o Lula ganhar no 1Âș turno".

"Alguém acredita em Fachin, Barroso e Alexandre de Moraes? Se acreditar levanta braço. Acredita que são pessoas isentas, que tão preocupadas em fazer justiça, seguir a Constituição?", disse.

Bolsonaro dispara ataques aos ministros do STF durante reunião ministerial de julho de 2022

Gravação

A descrição da reunião ocupa mais de 10 pĂĄginas da decisão assinada pelo ministro Alexandre de Moraes e que resultou na operação Tempus Veritatus, deflagrada na quinta-feira (8).

Ao todo, foram expedidos 33 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão preventiva.

Outros trechos mostram ainda o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, defendendo que o governo "virasse a mesa" antes das eleições para garantir a reeleição de Bolsonaro.

"Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições", afirmou Heleno na reunião.

Até o momento, apenas vĂ­deos das falas de Jair Bolsonaro vieram à tona. A participação de outros convidados na reunião é descrita no relatório da PF, mas ainda não hĂĄ imagens divulgadas.

Em vĂ­deo apreendido pela PF, Bolsonaro ordenou disseminação de fake news

Ainda segundo a investigação, os então ministros da Justiça, Anderson Torres, e da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, também discursaram na reunião. Nogueira, por exemplo, afirmou que o TSE seria "inimigo" do grupo bolsonarista.

De acordo com o resumo da PF, os membros do encontro, "todos ora investigados, prestando-se o ato a reforçar aos presentes a ilĂ­cita desinformação contra a Justiça Eleitoral, apontando o argumento de que as Forças Armadas e os órgãos de inteligĂȘncia do Governo Federal detinham ciĂȘncia das fraudes e ratificavam a narrativa mentirosa apresentada pelo então Presidente da RepĂșblica Jair Messias Bolsonaro".

A operação

Da Redação com g1

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