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A África deve se acomodar à cultura de dominação ou deve optar por uma iniciativa histórica?

A África deve se apoiar na perspectiva universal ou no provincialismo? · A África deve se acomodar à estrutura de dominação ou deve optar por uma iniciativa histórica?

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Para propor esses questionamentos e respondê-los, o autor, Nkolo Foé, analisa os efeitos da colonização que produziu o colonizado como sujeito ausente de conhecimento sistematizado e de filosofia.

Para isso contextualiza por meio de filósofos clássicos do ocidente europeu a maneira como definem o sujeito negro, ao ponto de tal definição permanecer até os dias atuais no discurso do ex-presidente da França, que não teve nenhum pudor ao pronunciar um discurso discriminatório na Universidade de Dakar no Senegal em 2007. O que comprova a dificuldade do diálogo entre África e Europa, a partir da constatação do pensamento europeu em sua essência enxergar a África como submissa, atrasada, carente de contribuições para a humanidade, o efeito dessa dominação foi tão intensa, não total, mas intensa que produziu pensamentos de africanos e africanos em diáspora que acreditavam na submissão para sobrevivência sem violência com o dominador. Aqui especificamente nos remetemos a Senghor e T Whashington que defendiam a cultura do servir e conviver em submissão.

A cultura do servilismo impedem a realização de um projeto moderno para a África, tal cultura nos mantem mutilados social e historicamente, como se assim fossemos. Mas os defensores dessa proposta acreditam que a cultura do servilhismo põe em fim a situação de desequilíbrio entre colonizador no poder e colonizado vida mutilada. Um exemplo apresentado pelo autor foi a Negritude de Senghor que cria a imagem do colonizado como aquele criado pessoal do dominador, o que podemos chamar em nossa cultura de negro de alma branca.

Fanon diria que a negritude tende a buscar o universal, mas a consciência negra é imanente a si mesma, nos negros somos o que somos não temos que nos amparar no universal, até porque comprovamos que os filósofos que promovem a ideia de sujeito universal, não apresentavam o negro como ser humano. A colonização tornou a todos nós criaturas assimiladas então precisamos tomar consciência de quem somos de toda violência sofrida pela escravidão mas isso ocorre quando valorizamos nossa essência de raça e podemos assim ressignificar nossa história. Negro sou e negro ficarei (Cesaire,2010) dessa forma podemos afirmar que nos negros não tomamos consciência porque faltamos em alguma cultura ou porque estamos ausente em alguma cultura, ou seja, para sermos conscientes de quem somos e somos negros não precisamos tomar consciência da nossa ausência em alguma cultura, nossa consciência vem primeiro de nos mesmos). Entretanto a longa experiência de servidão nos faz tomar consciência do que nos falta enquanto sujeitos, ou simplesmente nos faz sofrer a dor da manutenção do servilismo.

Mas por que o movimento de negritude que surgiu como um patrimônio cultural do negro para se opor ao pensamento universal imposto pelos europeus acabou recusando toda a perspectiva de luta pela emancipação? O interessante é que para muitos intelectuais o patrono da negritude não é Senghor, mas por ele se acomodar nas propostas de mestiçagem e na possibilidade de promover a inserção do negro na ideia de um império euro-africano é o mais requisitado nas discussões.

Carlos Moore organizou a I Conferencia Hemisférica sobre a Negritude que ocorreu nos EUA em 1987 sob o título Negritude, Etnicidade e Cultura com interesse de ouvir Aimé Cesaire falar sobre o conceito de Negritude. Para Cesaire a Negritude não é para ser idolatrada ela nasceu de uma necessidade de se contrapor a visão universalista imposta pelo mundo europeu. questionou o termo Etnicidade porque acreditava que pudesse atrapalhar o entendimento da negritude porque a diversidade étnica divide os povos e o objetivo da negritude é unir os povos africanos por isso ele substituiria a palavra etnicidade para identidade para dar um aspecto mais unificador ao movimento de negritude.

A negritude seria para os negros, uma estratégia de afirmação e reafirmação de si, um si grupal, oposto ao negro construído pela racismo. Respondendo a pergunta do início desse parágrafo, podemos entender que Senghor teve um comportamento assimilacionista, alguns chamariam esse comportamento de oportunismo político, mas havia uma evidente proposta de cooperação com a Europa. Por conta dessa cooperação, o governo de Senghor recebeu apoio para incentivar Congressos, seminários, festivais, seu governo financiou publicação de obras e construção de monumentos, mesmo que tais ações não tenham contribuído muito com a saída da África de uma posição de inferioridade aos moldes europeus. Na verdade, a versão senghoriana da negritude opera, para encobrir o fato doloroso da submissão continuada da África ao designos imperialistas do ocidente racializador.

Se para nós a Negritude se assume como a fusão do subalterno no império, que lugar terá a África na globalização? O autor sugere dois caminhos, um seria a retomada da iniciativa histórica e o outro da adaptação ao mundo por meio da mestiçagem. Para os dois caminhos há necessidade do diálogo. Os próprios africanos precisam decidir por meio do diálogo interno o que se espera para a África porque pelo diálogo externo parece que já se tem uma resposta, mesmo assim depois de um posicionamento interno africano, faz-se necessário um diálogo com a Europa.

Mais recentemente, tem sido uma marca latente em filósofos africanos o questionamento da construção e a afirmação da proeminência histórica de povos colonizados em confronto com a imagem colonial. É nesta direção que vai o artigo "África em diálogo, áfrica em autoquestionamento: universalismo ou provincialismo? "Acomodação de atlanta" ou Iniciativa histórica?", do camaronês Nkolo Foé, filósofo e professor da Universidade da Yaoundé. O autor analisar a relação entre Europa e África a partir de uma interpretação (pós-)colonial. Os caminhos de tal intepretação perpassam dois aspectos: os discursos raciais de filósofos clássicos do Ocidente (Kant, Hume, Condorcet, Montesquieu e Voltaire) acerca do continente africano e de seus povos; as narrativas assimilacionistas de africanos que operam, conforme o autor, em prol de uma cultura do servilismo. Como saída desse cenário, Foé recorre à "retomada da iniciativa histórica", um recurso pelo qual os africanos e suas filosofias possam "dialogar na perfeita igualdade com os outros povos do mundo" (p. 223).

Redenção (salvação) para a África seria afirmar suas histórias como pertencentes a história da humanidade, promover resistência política e social à opressão, reivindicando seu lugar no mundo, não no mundo deles, Europa, porque assim seria cooperar com a economia deles e isso levaria a África a acomodação. Reivindicar seu lugar no mundo é não renunciar suas raízes históricas e culuturais, é entender que sua autonomia e poder de diálogo em perfeita igualdade com outros povos. Se os outros povos ainda não entenderam isso, não é a África que precisa provar, porque provar sua potencia significa se submeter ao olhar do outro para contrapor tal visão.

De que maneira a iniciativa histórica pode tornar-se um posicionamento que influencia o modo de ensinar filosofia? Por meio, por exemplo, do reconhecimento da filosofia egípcia na formação filosófica e cultural da Grécia antiga e da objeção ao essencialismo de identidades africanas e europeias. Caso contrário, as vertentes filosóficas consideradas clássicas permanecerão restritivas, monotemáticas e sem qualquer diálogo com outras tradições filosóficas, impedindo, assim, uma descolonização epistêmica.

https://youtu.be/ZsnYqzdJb74


REFERÊNCIAS

https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/31332

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