O escritor e poeta Edilberto Abrantes é um verdadeiro amante das artes, com uma trajetória que abraça a música, a poesia e o cinema. Desde os anos 1980, sua vida tem sido marcada por uma intensa atividade criativa, refletindo o cotidiano das pessoas, seus amores e conflitos.
Com uma longa história na música, Edilberto se destacou como compositor e letrista, gravando vários discos solo e em banda. Além disso, sua contribuição se estendeu à composição de trilhas sonoras para cinema e vídeo. Não apenas na música, mas também no carnaval de sua terra natal, ele deixou sua marca, escrevendo enredos e sambas de enredo, além de atuar como intérprete em desfiles de escolas de samba por mais de uma década.
Participante de inúmeros festivais e mostras de poesia, Edilberto é conhecido por sua capacidade de retratar a vida do povo, suas histórias, mitos, crenças e contradições. Com três livros publicados - Teatro, Poesia de Cordel e Contos - o escritor se sente em um momento fértil de criação, feliz por divulgar sua obra e interagir com os leitores.
Tivemos a oportunidade de conversar com Edilberto Abrantes, e ele compartilhou conosco sua visão sobre arte, cultura e o atual panorama da produção artística no país e em nossa cidade.
Confira a entrevista:
Paulo: Olá, sou Paulo e hoje estamos aqui com Edilberto Abrantes, um cidadão que há muitos anos milita na área musical de Sousa e na poesia da região. Desde os festivais de música nos idos de 1976, estamos acompanhando sua trajetória de escrever sobre o cotidiano das pessoas, sobre amores mal resolvidos, conflitos e a vida do cidadão. Edilberto, você pode nos contar um pouco mais sobre essa jornada.
Edilberto: Claro, Paulo. Desde aquela época, fizemos parte do grupo musical chamado Grupo Raízes Novas, participamos de festivais por todo o país, gravamos dois discos e escrevemos músicas tema para documentários. Também contribuímos com sambas de enredo e fazemos parte da Academia de Sousense de Poesia, lançando livros de cordel e contos. A música faz parte da minha vida, não consigo ficar sem compor ou cantar.
Paulo: Você mencionou sobre a composição e como vê as músicas atuais, especialmente em relação à falta de romantismo e à presença da música eletrônica. Como você analisa essa mudança?
Edilberto: A música eletrônica tem seu valor para dançar, mas muitas vezes deturpa a imagem da mulher com letras carregadas de palavrões e sentido escrachado. Infelizmente, a falta de regulação permite isso, e muitos compositores acabam denegrindo a sociedade. Hoje em dia, as pessoas parecem buscar mais direitos do que o verdadeiro amor e isso reflete na música.
Paulo: Observamos uma mudança na cena cultural de Sousa, especialmente em relação à participação dos jovens. Como você enxerga essa transformação?
Edilberto: Antes, havia mais envolvimento e cumplicidade com a arte pela arte, sem pensar apenas em dinheiro. Serenatas eram comuns, mas hoje em dia isso parece fora de moda. O carnaval também perdeu sua essência cultural, com menos participação das grandes orquestras de frevo. O poder público negligenciou projetos como o Matriz das Artes, impactando negativamente na cultura local.
Paulo, você tem uma trajetória muito rica na música e na poesia, desde os festivais de música nos anos 1970 até suas contribuições para o cinema e o carnaval. Como você vê a produção artística e cultural em nossa cidade hoje?
Edilberto: A produção artística em nossa cidade infelizmente tem enfrentado desafios. Muitas vezes, falta o apoio necessário por parte do poder público para que projetos culturais possam prosperar. O carnaval, por exemplo, que já foi uma grande expressão cultural em nossa cidade, agora enfrenta dificuldades devido à falta de investimento e valorização. É fundamental que os políticos enxerguem a cultura como algo essencial para o desenvolvimento da cidade e invistam nesse setor de forma mais efetiva.
Paulo: Você mencionou a importância do amor em sua obra, inclusive no título do seu próximo show, "Amor Abstrato". Como você vê a expressão do amor na sociedade atual?
Edilberto: O amor é uma temática muito presente em minha obra, e acredito que ele continua sendo um elemento fundamental na vida das pessoas. No entanto, muitas vezes, vemos uma superficialidade nas relações amorosas, com as pessoas priorizando questões materiais e imediatas em detrimento do verdadeiro sentimento. É importante resgatar a profundidade e a sinceridade nas relações amorosas, cultivando o respeito, a cumplicidade e a empatia.
Paulo: E sobre o seu próximo show, "Amor Abstrato", o que esse título representa para você?
Edilberto: "Amor Abstrato" é aquele sentimento que não pode ser tocado, mas que existe e se expressa através da arte, da música e da poesia. É um convite para uma experiência romântica e nostálgica, onde vamos compartilhar composições autorais e contar nossa trajetória musical. Espero ver todos lá no dia 24 de fevereiro, no Teatro Multifuncional do Centro Cultural.
Paulo: Por fim, você será o protagonista de um show no Centro Cultural Banco do Nordeste, intitulado "Amor Abstrato". O que os espectadores podem esperar desse evento?
Edilberto: No show "Amor Abstrato", os espectadores poderão vivenciar uma viagem pela minha trajetória musical, com composições autorais e parcerias que abordam o tema do amor de maneira poética e emocionante. Será uma oportunidade de celebrar a arte, a música e o sentimento mais sublime que existe: o amor.
Paulo: Muito obrigado pela entrevista, Edilberto. Estamos ansiosos para seu show e para reviver um pouco desse romantismo através da sua música e poesia.
Edilberto: Eu que agradeço, Paulo. Espero que todos possam se emocionar e se identificar com as histórias e sentimentos que vamos compartilhar no "Amor Abstrato". Até lá!
Confira o vídeo:
Por: Paulo Pereira