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Orgulho LGBT+

Deputada Erica Malunguinho registra BO após receber ameaças sobre participação na 26ª Parada LGBTQIA+ de SP

'Muita gente vai morrer na parada', escreveram no email. Além da parlamentar, mais colegas também foram citados nas ameaças. Eles levaram o material à Delegacia de Crimes Cibernéticos (Decradi) e abriram um procedimento junto à Secretaria de Justiça, solicitando que o caso seja averiguado imediatamente.

A deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL-SP) — Foto: Nego Júnior/Divulgação
A deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL-SP) — Foto: Nego Júnior/Divulgação

A deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL-SP) afirmou nesta terça-feira (14) que registrou um boletim de ocorrência após receber por e-mail ameaças relacionadas à sua participação na 26ª edição da Parada do Orgulho LGBT+, que ocorre no próximo domingo (19) na capital paulista. Parlamentar já foi vítima de transfobia em outras ocasiões (leia mais abaixo).

O email foi recebido na madrugada de segunda-feira (13) com frases ameaçadoras como "botar uma bomba na Avenida Paulista" e "Muita gente vai morrer na parada". Também foi escrito no email: "Sem pandemia sem corrupção com Deus no coração ninguém segura essa nação. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".

Além da parlamentar, os colegas Alexandre Frota, Erika Hilton e Thammy Miranda também foram citadas no e-mail com as ameaças. Eles levaram o material à Delegacia de Crimes Cibernéticos e à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e abriram um procedimento junto à Secretaria de Justiça, solicitando que o caso seja averiguado imediatamente.

Erica Malunguinho é mulher trans e atua em pautas ligadas à população LGBTQIA+, direitos das mulheres, combate ao racismo, educação, saúde, entre outras. Ela foi a primeira pessoa transgênera a conquistar uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), com mais de 54,4 mil votos, nas eleições de 2018.

Malunguinho divulgou um texto falando sore o ocorrido e se posicionando a favor do evento.

"Essa violência é mais uma prova destes tempos que vivemos. Essa avalanche conservadora, que se escondia na nossa invisibilidade para nos oprimir secretamente, hoje faz diferente. Se antes pessoas negras, indígenas, mulheres e LGBTs não podiam votar e tampouco serem candidatas e eleitas, hoje mesmo que ainda sub representadas, temos alguns de nós neste lugar, candidatas e eleitas.

Antes disso, tivemos e temos movimentos organizados importantes na busca pela cidadania, pelo direito à vida. É neste cenário que se faz de extrema importância eventos como Parada a LGBT. Com as ameaças, o que se tem é um horizonte de terror no intuito de deslegitimar quem está intercedendo por isso.

O mais justo, democrático e republicano é que os diferentes grupos, organizações e pessoas possam representar e propor os anseios de suas comunidades. Ameaçar isso é ameaçar a sociedade como todo, pois, se cada um que se ache soberano queira, à força, determinar seu modo de viver como único possível, estaremos absolutamente todes perdidos. Isso é sobre liberdades individuais, um princípio básico da convivência.

Neste sentido reitero meu apoio total a 26º Parada LGBTQIA+ como Instituição de visibilidade mundial na defesa da diversidade, de direitos e da cidadania LGBTQIA+ e que cumpre seu papel de enfrentamento ao ódio em nossa sociedade. A todos os citados na ameaça, me coloco sob o sentimento de empatia e acolhimento.

Nós, entre parlamentares e organizadores da Parada citados no email, tomamos as medidas cabíveis, inclusive a partir de registro de B.O, além de ofícios enviados às Secretarias de Segurança Pública, Justiça e Cidadania, Presidência da Alesp e Ministério Público, e esperamos contar com as instâncias de segurança. Sendo assim, o mínimo que se esperar é que os órgãos responsáveis se organizem para garantir a segurança de todes."

O caso foi registrado como crime consumado de ameaça e de discriminação racial.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirma que faz diligências para identificar o autor do e-mail.

"Após denúncia de intimidações contra autoridades, a Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância (Decradi) do DHPP realiza diligências visando à identificação da autoria. Igualmente, é apurada a materialidade e as circunstâncias subjetivas do delito perpetrado, visando combater a atemorização difusa relativa à Parada do Orgulho LGBTQIA+", diz a nota.

A deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL) — Foto: Roger Monteiro/Divulgação

A deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL) — Foto: Roger Monteiro/Divulgação

Transfobia

Não é a primeira vez que Malunguinho é vítima de transfobia. Em 2019, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) pediu à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) a cassação do mandato do deputado Douglas Garcia (na época no PSL).

O partido acusou o parlamentar de quebra de decoro e incitação ao ódio por ter dito em sessão plenária que tiraria a tapas um transexual caso o encontrasse no banheiro. O comentário foi feito após discurso de Erica Malunguinho.

Em maio deste ano, foi a vez de Douglas Garcia (agora no partido Republicanos) pediu a cassação do mandato da colega Erica Malunguinho ( PSOL) , alegando que teria sido agredido pela deputada em 17 de maio.

Fonte: Da Redação com G1

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