Uma regra no concurso de quadrilhas do Festival Jeca Tatu 2022 de Parauapebas, no sudeste do Pará, causou polêmica ao impedir que homossexuais, travestis e transexuais participassem da disputa. Entidades que defendem a causa LGBTQIA+ alegaram que decisão era homofóbica e transfóbica.
O Ministério Público deu prazo de 24 horas para que a prefeitura desse explicações sobre o artigo 58 do concurso, que diz o seguinte:
"É totalmente vetado à participação de homossexuais, travestis e transexuais em cargo de destaque dentro da quadrilha, que venha competir com mulheres; são considerados cargos de destaques noivas, miss caipiras, miss simpatia, miss mulata e rainhas".
Ainda nas regras do concurso, foi estabelecido que a agremiação que descumprir o artigo será desclassificada.
O festival Jeca Tatu é tradição na cidade reunindo um grande público da cidade e de outros municípios da região. A 18ª edição começou no dia 22 e segue até este domingo (26).
A denúncia foi feita pela Frente de Apoio e Inclusão aos Transgêneros. "Eles sempre impuseram a regra de que essas pessoas não poderiam participar. É transfobia escancarada", afirma um membro do grupo.
Além das entidades que representam a população LGBTQIA+, o veto à participação causou indignação entre moradores. "Eu acho que é uma posição totalmente desatualizada da liga enquanto a não aceitação das pessoas trans", afirma Marcelo da Luz, engenheiro.
"Discordo totalmente dessa proibição, eu acho que todo mundo é igual e deveria competir igual", afirma a servidora pública Beatriz Queiroz.
"Querendo ou não, elas são mulheres", afirma a farmacêutica Lai Moraes.
A noite de sexta-feira foi marcada pelo concurso de miss caipira, simpatia e mulata do festival, que devido à regra, teve apenas mulheres cisgênero disputando os títulos.
A vendedora Halessa Twist não se conforma: "A gente não pode competir como cargo de destaque com outras mulheres, acho que é um regulamento que está vindo desde 2008 e que está ultrapassado".
Após a denúncia, a prefeitura de Parauapebas emitiu uma nota afirmando que apoia financeiramente o concurso, mas que as regras são de responsabilidade da Liga das Quadrilhas.
Já a liga disse que o documento retira o veto sobre a participação de pessoas homossexuais, travestis e transgênero no concurso, mas admite que a regra vinha sendo usada desde 2008 e que foi aplicada porque a organização se inspirou em competições esportivas para redigir o documento que regulamenta o concurso cultural.
Apesar da mudança no regulamento, homossexuais, travestis e transexuais só poderão participar na edição do ano que vem.
A liga de agremiações juninas de Parauapebas disse que vai seguir dialogando com a população LGBTQIA+.
Fonte: Da Redação do blog com G1