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Questão racial

MPF entra na Justiça para suspender matrícula de Valdiney em curso da UFPB

Reitor usou sistema de cotas para ingressar no curso de Engenharia de Produção da instituição, mesmo tendo duas graduações, mestrado e doutorado e pós-doutorado. Para MPF, ele tirou oportunidade de outro aluno da rede pública.


Foto: Reprodução/Facebook

O Ministério Público Federal (MPF) entrou na Justiça para que a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) suspenda a matrícula do reitor Valdiney Velôso Gouveia no curso de Engenharia de Produção da instituição. A ação civil pública foi protocolada neste domingo (24) e tramita na 3ª Vara da Justiça Federal.

O pedido da procuradora da República, Janaína Andrade, é para que a universidade seja obrigada a excluir Valdiney Velôso da lista de aprovados para o curso de Engenharia de Produção da instituição, bem como desconsidere a aprovação dele no Sisu (Sistema de Seleção Unificada) 2022, conseguida por meio do uso do sistema de cotas para alunos da rede pública.

Sobre a ação, o reitor da UFPB disse que o pedido é uma competência do MPF. "Aguardaremos o andamento do processo", comentou. Já a assessoria da UFPB afirmou que como se trata de uma ação civil pública na esfera judicial, a UFPB se pronunciará na esfera competente, a Justiça Federal.

Em março, o MPF já havia recomendado que a UFPB retirasse a matrícula do reitor da lista de aprovados, e também ao reitor para que não fizesse a matrícula. O pedido foi formalizado após abertura de investigação sobre a legalidade do ingresso de Valdiney na instituição.

O reitor foi aprovado no Sisu 2022 com o uso do benefício destinado a candidatos oriundos da rede pública de ensino. Ele fez 638,9 pontos e gerou polêmica na comunidade universitária por retirar a possibilidade de ingresso a um outro candidato de 17 anos, da Bahia, que ficou sem a vaga.

De acordo com o MPF, Valdiney concluiu o que hoje é conhecido como ensino médio há 39 anos, em escola pública. Ele possui duas graduações, sendo uma em universidade pública e outra em unidade privada. Tem, ainda, mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Mesmo com as credenciais, segundo ao MPF, ele não desistiu de manter a matrícula. O entendimento da procuradora é que Valdiney se beneficiou de "uma ação afirmativa a que não faz jus, em prejuízo daqueles que a ela têm legitimamente direito, bem como afrontando as diretrizes constitucionais de construção de uma sociedade solidária e redução das desigualdades sociais".


Laerte Cerqueira e Angélica Nunes

Da Redação com Jornal da Paraíba

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