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Racismo

Caso de menino negro morto pela PM no Rio tem reviravolta depois de 8 anos; entenda

O filho de Terezinha de Jesus levou um tiro na cabeça, quando brincava na porta de casa, no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro; advogado apontou erros no processo e trouxe novas provas.

Caso de menino negro morto pela PM no Rio tem reviravolta depois de 8 anos; entenda
Caso de menino negro morto pela PM no Rio tem reviravolta depois de 8 anos; entenda

O Fantástico deste domingo (26) falou sobre a peça que deixou uma mãe mais perto da justiça. O filho de Terezinha de Jesus levou um tiro na cabeça, quando brincava na porta de casa, no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

O monólogo que conta o drama de Therezinha e o filho Eduardo impactou tanto o advogado João Pedro Accioly, a ponto de ele subir ao palco antes de a cortina fechar.

"Eu acho que num lapso emocional eu invadi o palco e fui perguntar se ela tinha um advogado para tentar resolver um caso que se arrastava por mais de 8 anos sem nenhuma resposta do Estado do Rio de Janeiro", diz.

O advogado descobriu que havia erros no inquérito e no processo e fez uma nova petição, apresentando também novas provas coletadas pela mãe do garoto.

"O delegado, com base na palavra dos indiciados, decidiu também, levado por uma conjectura preconceituosa de que aquele lugar era palco rotineiro de conflitos armados, a entender que o que havia acontecido era uma reação equivocada, em legítima defesa, a uma agressão efetuadas por marginais, por traficantes, quando, na verdade, tudo o que havia era uma criança de apenas 10 anos que brincava à porta de casa com um celular de costas para os policiais que tiraram a vida dele", disse.

"Os braços do ministério público ficaram cruzados durante todo esse tempo e havia provas novas que nós fomos capazes de reunir, inclusive vídeos inéditos que não haviam sido analisados pelas investigações'', ressalta o advogado.

E depois de 8 anos, o caso foi reaberto pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

"Nós esperamos que eles sejam responsabilizados, não só para reparar a agressão, a injustiça que eles promoveram, mas para também mandar um recado muito claro de que as vidas, todas elas, importam e que o homicídio deve ser punido, independentemente do local que ocorra, independente de quem seja a vítima, se é pobre, se é rica, se é branca, se é preta, e isso é um recado civilizatório", disse. A Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que o caso foi apurado pela corregedoria e enviado à justiça militar em 2019. A nota enviada pela PM diz ainda que os agentes envolvidos no caso denunciado por Terezinha de Jesus seguem no serviço militar sem qualquer impedimento jurídico.

O drama contado na peça

O tiro que matou o menino partiu da arma de um PM, mas as investigações concluíram, na época, que os policiais agiram em legítima defesa, já que, segundo eles, acontecia um confronto com traficantes naquele dia. Na Justiça, o processo foi extinto. Terezinha nunca acreditou nessa versão.

Há 7 anos Terezinha aparece nos palcos de teatros Brasil afora, contando sobre sua luta por justiça ao final do espetáculo "Macacos", criado e protagonizado por Clayton Nascimento.

"Ele entrou em contato comigo pelas redes sociais, mandou mensagem falando que era um ator de teatro, que era estudante, que me convidou para ver o espetáculo dele no teatro, em Copacabana, mas aí quando ele resolveu mandar um áudio para mim, eu me assustei pela voz dele [...] eu falei, se for para o bem e for para chegar a essa justiça, eu, Deus, vai me acalmar, meu coração e eu vou assistir tudo", conta Terezinha.

"E o que eu achei mais bonito foi que ela chamou uma amiga. Essa amiga pegou as crianças que elas tinham assim, ali de onde elas viviam e foram ao teatro. E elas, assim sendo policial ou não, nós vamos lá e chegaram com muitas crianças pretas para assistir uma peça preta que falava sobre ela. Isso para mim foi muito marcante", diz Clayton.


Fonte: Da Redação do blog com g1

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