A expectativa que cercava o anúncio do secretariado de Helder Carvalho, prefeito eleito de Sousa, finalmente chegou ao fim com uma cerimônia marcada pela presença de importantes lideranças, como o atual prefeito Fábio Tyrone e vereadores municipais. O evento, realizado na Câmara Municipal, não apenas revelou os nomes que integrarão o novo governo, mas também sinalizou os rumos que Helder pretende imprimir à sua administração. Contudo, algumas pastas seguem indefinidas, como o PROCON, a Fundação Municipal de Cultura, o Setor de Habitação e a Secretaria de Turismo, o que abre espaço para especulações e expectativas.
Uma das questões mais discutidas em momentos como esse é o grau de continuidade em relação à gestão anterior. Helder Carvalho foi eleito com um apoio massivo do grupo político liderado por Fábio Tyrone, o que sugere que sua administração pode seguir algumas diretrizes já estabelecidas. Muitos dos nomes apresentados para o secretariado demonstram essa tendência à continuidade, especialmente em pastas estratégicas que demandam conhecimento acumulado e experiência prévia.
Isso pode ser visto como um movimento sensato: manter pilares fundamentais evita soluções de continuidade em áreas onde a transição abrupta poderia gerar instabilidade. Entretanto, essa estratégia também carrega o risco de gerar descontentamento entre eleitores que esperavam uma gestão inovadora e mais disruptiva.
Durante a campanha, Helder prometeu uma gestão técnica e eficiente. O secretariado nomeado até agora reflete esse compromisso? Nomes com experiência comprovada em gestão pública foram priorizados em algumas pastas, enquanto outras escolhas sinalizam um caráter mais político. Essa mescla é comum em gestões municipais, onde alianças e compromissos de campanha muitas vezes precisam ser acomodados. Ainda assim, a população e setores da sociedade civil aguardam com expectativa a divulgação dos nomes para as pastas ainda indefinidas, que têm forte impacto direto no dia a dia do cidadão sousense.
A ausência de indicações para a coordenação do PROCON, por exemplo, gera especulação. Essa é uma área que demanda um perfil técnico e combativo, especialmente em um momento em que questões como direitos do consumidor estão no centro do debate público. Da mesma forma, o Setor de Habitação representa um dos maiores desafios para o próximo governo, considerando a demanda por moradia popular.
Outro ponto que chama atenção é a indefinição em áreas como a Fundação Municipal de Cultura e a Secretaria de Turismo. Sousa tem um enorme potencial cultural e turístico, sobretudo com iniciativas como o Festissauro, que já consolidou a cidade no cenário do cinema alternativo. O nome escolhido para liderar essas pastas será decisivo para manter e expandir essas iniciativas. Para além de promover a identidade cultural sousense, esses setores também possuem impacto econômico significativo, especialmente na geração de emprego e renda.
A presença de vários vereadores no evento de anúncio do secretariado indica que Helder Carvalho está buscando construir uma relação harmoniosa com o Legislativo. Essa articulação será fundamental para a aprovação de projetos e orçamentos, além de garantir apoio político em momentos mais delicados. No entanto, alianças políticas também podem gerar tensões, especialmente se compromissos assumidos com lideranças locais não forem atendidos.
O anúncio do secretariado é apenas o primeiro passo de uma longa caminhada. O sucesso do governo de Helder Carvalho dependerá, em grande parte, da capacidade de sua equipe em transformar promessas de campanha em resultados concretos. Para isso, é essencial que as escolhas das lideranças para as pastas ainda indefinidas sejam feitas com base em critérios técnicos e alinhadas às demandas reais da população.
A sociedade sousense seguirá acompanhando de perto os próximos passos dessa nova gestão, que já começa com grandes expectativas e desafios a superar. Em tempos de cobrança por eficiência e transparência, Helder Carvalho e sua equipe têm a oportunidade de marcar uma nova era para Sousa – mas também enfrentam o peso da responsabilidade que acompanha essa missão.
Por: Paulo Pereira