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Crítica | Ó Paí Ó 2 - Aguardada Continuação Tece um Metaverso Afrorreferenciado e Amadurece Narrativa

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Foto: imagem lustrativa

Não é exagero dizer que "Ó Paí Ó 2" é um dos filmes mais aguardados do ano, e isso considerando, inclusive, os lançamentos internacionais. Lançado primeiramente no audiovisual em 2007, o primeiro longa desta história oriunda do teatro ganhou imediatamente o coração do público. Quinze anos se passaram desde aquela primeira história, focada nos personagens de um cortiço do Pelourinho, em Salvador, que só queriam curtir o Carnaval da Bahia, fosse trabalhando, fosse dançando. Nesses quinze anos, o público não esqueceu o filme – ao contrário, cenas e diálogos dele se mantiveram tão atuais e tão pertinentes, que vira e mexe é possível ver trechos do longa sendo compartilhados nas redes, em especial uma cena de diálogo potente entre Lázaro Ramos e Wagner Moura. Do amor público, veio "Ó Paí Ó 2", que entra em cartaz nos cinemas brasileiros a partir do próximo dia 23, em celebração ao mês da cultura e da história negra no país.


Roque (Lázaro Ramos) está gravando uma música que, tem certeza, será o sucesso do próximo verão. Ao sair do estúdio, depara-se com o pessoal do cortiço mobilizado, procurando por Neuzão (Tânia Tôko). Buscando lá e cá, a encontram do outro lado da cidade, e ela confessa o problema: o seu bar, point do pessoal, fora vendido para um comerciante coreano, pois o imóvel estava cheio de dívidas. Diante do fato, Roque, Yolanda (Lyu Arisson), Reginaldo (Érico Brás), Maria (Valdineia Soriano), mãe Raimunda (Cássia Vale), Matias (Jorge Washington) e os novos moradores se juntam para criar um evento para Yemanjá, no qual desejam arrecadar o valor para saldar a dívida do bar. Enquanto isso, Dona Joana (Luciana Souza) vive atordoada após a morte de seus filhos, Cosme e Damião, e perambula pelo Pelourinho adotando jovens em situação de rua e levando-os para sua casa no cortiço.

Se no primeiro filme a vibe era muito mais festiva e alegre, com muita curtição nos dias e noites do carnaval baiano, em "Ó Paí Ó 2" o tom da narrativa amadurece – e muito. Os quinze anos se passaram também para os personagens, que se veem diante de desafios diante dos quais, sozinhos, não encontram forças para lutar. Essa mudança de tom não só é importante para conferir credibilidade nos personagens, mas, acima de tudo, para passar o papo reto do longa: está na hora de falar sério sobre o cotidiano da vida dos pretos e das pretas desse país.

Dialogando com o sucesso da banda Baiana System e baseado na história e nos personagens criados pelo Bando de Teatro Olodum, o roteiro de Viviane Ferreira com Daniel Arcades, Elísio Lopes Jr. e Igor Verde, com contribuição de Rafael Primot e Luciana Souza gira o eixo do enredo para torná-lo totalmente afrocentrado e afrorreferenciado, criando (para usar as palavras do próprio filme) um metaverso preto, com o qual o público-alvo irá se identificar e sorver o conhecimento. As sabedorias de Marvin Gaye, Conceição Evaristo e outros tantos se misturam nos diálogos e favorecem, inclusive, uma atualização da clássica cena de embate do primeiro longa, anteriormente estrelado por Lázaro Ramos e Wagner Moura, e que neste "Ó Paí Ó 2" se insere em outro contexto, igualmente importante, passando a visão de que ninguém mais terá nenhum direito subtraído, seja na ficção, seja na vida real. Uma importante obra, comandada pela diretora Viviane Ferreira, que é também diretora-presidente da Spcine.

Mais do que entreter, "Ó Paí Ó 2" manda seu recado: é da união e do aquilombamento que as pessoas pretas vivem e resistem na sociedade. Socialmente importante e culturalmente rico, protagonizado por personagens inesquecíveis que voltam agora mais maduros e conscientes de seus próprios valores, "Ó Paí Ó 2" é um axé fílmico.


por: Janda Montenegro - Cinepop

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