A pergunta da pesquisa Datafolha sobre qual candidato teria a maior chance de receber o voto do entrevistado caso ele mude a opção atual traz a constatação de que 2 em cada 10 eleitores não convictos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) admitem migrar para o adversário.
A hipótese precisa ser relativizada porque a maior parte (em torno de 80%) dos eleitorados de ambos está muito segura da decisão, mas é simbólica porque sugere que, mesmo diante da batalha ideológica entre os dois favoritos, uma parcela da população passa ao largo dessa questão.
Lula arrebanha 47% das intenções de voto no primeiro turno, ante 28% de Bolsonaro.
A pesquisa mostra que 70% de todos os entrevistados afirmam já estarem totalmente convictos sobre seu voto na corrida presidencial.
Entre os eleitores de Lula, 79% declaram que estão plenamente decididos a continuar com ele. No caso de Bolsonaro, são 78%. Já Ciro Gomes (PDT) enfrenta um cenário adverso: a maior parte de seu eleitorado (66%) responde que ainda pode mudar de voto -e boa parte iria para o petista.
De maneira geral, o terceiro colocado em intenções de voto (8%) aparece como o presidenciável com maior chance de receber o apoio do eleitor na hipótese de revisão da decisão atual.
O ex-ministro é visto como alternativa por 22% dos entrevistados quando indagados sobre o nome predileto caso não votem naquele já escolhido. Nessa situação, ele pegaria votos de Lula (40%) e de Bolsonaro (26%).
Lula vem na sequência no ranking de segunda opção, com 18%, e Bolsonaro depois, com 14%.
Na cesta de votos que cada um dos dois líderes possui atualmente, existe uma parcela equivalente, de 21%, composta por eleitores volúveis, ou seja, ainda reticentes sobre a escolha e dispostos a mudar -transitando até mesmo para o campo antagônico.
Entre os que iriam para o petista, 18% vêm dessa base mutável de Bolsonaro, 44% da de Ciro e 46% da de André Janones (Avante).
Já entre os que caminhariam para o atual mandatário, 21% hoje declaram apoio a Lula, 12% estão com Ciro e 20% escolhem Simone Tebet (MDB).
A informação de que 44% dos votos não firmes de Ciro seriam canalizados para o ex-presidente no caso de os eleitores do pedetista alterarem sua decisão atual reforça o discurso de que a saída do ex-ministro da disputa aumentaria a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno.
Em maio, a fatia dos que migrariam de Ciro para o candidato do PT era de 37%.
Apesar dos obstáculos, o ex-ministro refuta a hipótese de desistir da candidatura e diz acreditar em mudanças de conjuntura até a eleição.
A retórica de sua campanha aposta na estratégia de tentar fazer o eleitor olhar para o lado e reconhecer outras opções além das consolidadas.
O Datafolha ouviu 2.556 eleitores em 181 cidades nesta quarta-feira (22) e quinta (23). A margem de erro da pesquisa, contratada pela Folha de S.Paulo e registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 09088/2022, é de dois pontos para mais ou menos.
JOELMIR TAVARES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)