O livro de Djamila Ribeiro retrata lugar de fala e liberdade como algo representativo no que diz respeito a quem pode ou não falar sobre determinados assuntos, em quais localizações sociais autorizam ou desautorizam o uso da voz, promovendo assim a propagação ou o silenciamento de conhecimentos. Nessa visão as relações e seus discursos diante das práticas de luta acabam se ocultando.
Reivindicar a visibilidade da fala não é desejar aparecer nem ser separatista, falar e ser ouvido é sinônimo de demostrar que existe. O apagamento do sujeito negro impossibilitado de uma universidade, de sua própria voz, de meios de comunicação mostra que o lugar e direito de fala pertence ao grupo branco que tem dificuldade e se incomoda ao ouvir vozes silenciadas por exclusão.
A autora nos adverte para a possibilidade de compreensão que o lugar de fala não é apenas uma narrativa própria dos envolvidos com a vivência da exclusão, notadamente seria grave pensar dessa maneira, visto que os atores podem e devem ter o lugar de fala com variações de vivências. Deixando claro que não pode negar do indivíduo a sua consciência e reflexão sobre o lugar de fala, mesmo que o conceito universalista do discurso seja pautado na quebra da hegemonia social e racial do sujeito.
Segundo a "autora Djamila "todo mundo tem lugar de fala" que aborda sobre a necessidade de responsabilidade dos grupos de poder que ocupam posições privilegiadas- que não só podem, como devem- estudar, debater e teorizar sobre questões de pessoas subordinadas, refletindo criticamente a partir do local social que ocupa. O interessante do lugar de fala é reconhecer a importância da própria voz por si e por um comum compartilhado reivindicando direitos e descontruindo as ameaças de silenciamento.
Referencias:
RIBEIRO, Djamila. O que é:Lugar de fala? Belo horizonte: Letramento, Justificando, 2017.