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Eleições de 2024: como visualizar os cenários

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Estamos oficialmente em ano eleitoral e já no primeiro mês do ano a eleição vindoura começar a protagonizar os debates e conversas nos jornais, calçadas e mesas. As movimentações políticas se intensificam e os eleitores começam a procurar sinais que apontem prováveis candidatos, suas plataformas, alianças e chances de vitória ou derrota. Por esses motivos, escrevo essa coluna com o intuito de ajudar a balizar expectativas e oferecer ferramentas de análise àqueles que se interessam pelo assunto.

Primeiro, é preciso ter cuidado ao observar os números das pesquisas de intenção de voto. Repetindo o chavão de que pesquisa é o retrato de um momento e não previsão de resultado, a essa distância do pleito precisa ser especialmente contextualizada. Deve-se levar em conta que no período atual, de pré-campanha, candidatos mais conhecidos se beneficiam do "recall", que significa que, por estar mais familiarizado com o seu nome, o eleitor tende a escolhê-lo nas pesquisas, mas isso não necessariamente significa uma intenção de voto. Muitas vezes, conforme o pleito se aproxima, esses candidatos vão perdendo força e ficam de fora até mesmo do segundo turno. Dois casos bem conhecidos desse fenômeno são Celso Russomano, em São Paulo e Luizianne Lins, em Fortaleza. Portanto, adote a parcimônia ao se deparar com os primeiros colocados das pesquisas nesse momento e se questionem quais motivos daqueles possíveis candidatos estarem à frente.

Outro ponto a ser ressaltado sobre as pesquisas eleitorais é que, normalmente, também medem aprovação de governo. Esse dado, no momento, é mais importante do que a intenção de voto. Ao fim e ao cabo, a aprovação de um governo quase sempre é o fator preponderante na definição de um resultado eleitoral. Um governo bem avaliado se reelege/elege sucessor e um governo mal avaliado enfrentará dificuldades para garantir a continuidade, com a oposição tendo o favoritismo. Para ser mais preciso, apresento a seguir alguns patamares de avaliação de governo e suas probabilidades para melhor embasar suas expectativas:

Aprovação do governo de 50% ou mais: extremamente favorável à situação/candidatura do governo.

Aprovação do governo entre 40% e 50%: favorável à situação/candidatura do governo.

Aprovação do governo entre 30% e 40%: desfavorável à situação/candidatura do governo, oposição tende a ser favorita.

Aprovação do governo abaixo de 30%: extremamente desfavorável à situação/candidatura do governo, oposição é amplamente favorita.

Aqui, vale um adendo: todas as regras têm suas exceções e existem casos de governos bem-avaliados que perdem a eleição e de governos mal avaliados que garantem continuidade. No entanto, são exceções. Os números apresentados acima são utilizados por estudiosos da política para fundamentar suas previsões e têm uma taxa de precisão bastante elevada.

No caso do Legislativo, pesquisas eleitorais têm uma acurácia bem mais reduzida, haja vista que os votos para o Legislativo não são votos consolidados e são decididos de última hora. Assim o é para deputados, senadores e vereadores.

Por fim, ressalto que o cenário nacional tem pouca ou nenhuma relevância no pleito municipal. O eleitor que vai às urnas para votar em uma eleição para prefeito decidirá seu voto baseando-se em sua percepção sobre a realidade local, pensando muito mais no estado de sua cidade/bairro/rua do que em eventuais preferências por esse ou aquele presidente ou afinidades ideológicas. Foi assim nas eleições municipais já realizadas e tende a ser também em 2024. Portanto, ao analisar o cenário eleitoral desse ano, esqueça problemas nacionais ou apoio do presidente, pois suas relevâncias serão mínimas, principalmente em cidades de interior e de pequeno/médio porte. Quando muito, o nacional pode influenciar no municipal em grandes metrópoles, mas ainda assim de forma lateral, não sendo fator preponderante.

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