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Eleições

Tebet defende desmatamento 'zero' e diz não ver contradição entre agronegócio e meio ambiente

'Não se derruba uma árvore de forma ilegal no Brasil', disse senadora do MDB em entrevista na série do g1 com pré-candidatos à Presidência. Ela quer estimular 'carbono zero' no agronegócio.

Simone Tebet, pré-candidata do MDB à Presidência, concede entrevista a Renata Lo Prete - Foto: Celso Tavares/g1
Simone Tebet, pré-candidata do MDB à Presidência, concede entrevista a Renata Lo Prete �- Foto: Celso Tavares/g1

A pré-candidata do MDB à Presidência da República, Simone Tebet, defendeu nesta segunda-feira (20) a adoção de políticas que busquem o "desmatamento zero" no país, afirmando não ver contradição entre o agronegócio e o meio ambiente.

Simone Tebet deu as declarações em entrevista ao Podcast O Assunto, transmitida ao vivo diretamente do estúdio do g1. Esta foi a segunda de uma série de entrevistas com os pré-candidatos ao Palácio do Planalto.

"Não há contradição entre agronegócio e meio ambiente. O agronegócio é uma cadeia produtiva que envolve o agricultor familiar, que produz 70% do nosso feijão, mais de 30% do nosso arroz, mais de 80% da nossa mandioca", declarou a pré-candidata.

Questionada, então, sobre como iria cumprir em um eventual governo as metas de redução da emissão de gases do efeito estufa previstas no Acordo de Paris, Tebet disse que enviará à Amazônia representantes de órgãos de fiscalização e incentivará o reflorestamento.

"A grande realidade é: a gente consegue cumprir a meta até 2030 colocando os órgãos de fiscalização e controle dentro da Amazônia e impedindo o desmatamento ilegal. Não se derruba uma árvore de forma ilegal no Brasil, esta é prioridade absoluta. A segunda é o reflorestamento. Estimular o agro, inclusive, a reflorestar", respondeu.

Para Tebet, também é preciso estimular o agronegócio a investir no "carbono zero".

O primeiro pré-candidato entrevistado por O Assunto foi Ciro Gomes (PDT) — relembre aqui a entrevista. O próximo a ser entrevistado é Andre Janones (Avante), no dia 11 de julho.

Os pré-candidatos Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) também foram convidados, mas não confirmaram presença até a data-limite (3 de junho).

Levantamento Datafolha divulgado em março deste ano mostrou Simone Tebet em quinto lugar, com 2% das intenções de voto. A pré-candidata do MDB apareceu na pesquisa atrás de Lula (PT), com 48%; Jair Bolsonaro (PL), com 27%; Ciro Gomes (PDT), com 7%; e Andre Janones (Avante), com 2%.

Esta é a primeira vez que a senadora se candidata à Presidência. Ex-prefeita de Três Lagoas, Simone Tebet está no primeiro mandato no Senado, eleita em 2014.


Desmatamento 'zero'

Simone Tebet defendeu que as forças policiais protejam a Amazônia. "A Amazônia precisa ser ocupada pelo Estado brasileiro. E 'Estado brasileiro' leia-se não só a Polícia Federal, mas também as Forças Armadas. Eles sempre cuidaram da Amazônia, eles podem ajudar, é papel constitucional".

A pré-candidata, então, prometeu "fortalecer os órgãos de fiscalização e controle para evitar e impedir o desmatamento ilegal". "O desmatamento ilegal tem que ser zero", completou.

Dados de abril divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que os alertas de desmatamento na Amazônia ultrapassaram pela primeira vez a marca de 1 mil km², batendo recorde.

Sobre o marco temporal da demarcação de terras indígenas (que julga se indígenas só podem reivindicar demarcação de terras ocupadas antes da Constituição de 1988), em discussão no STF, Tebet defendeu uma proposta em discussão no Congresso que prevê indenização a quem for proprietário de terra reconhecida posteriormente como área indígena.

Tebet afirmou que a indenização deve ser dada a quem tiver comprado a terra 'de boa-fé' e com registro em cartório e que não tenha feito grilagem ou invadido a área.

Bolsonaro é 'fruto' do PT

Questionada sobre a razão pela qual quer estar na disputa presidencial, embora existam dois "protagonistas claros", Simone Tebet disse que a "polarização" entre esquerda e direita está levando o Brasil para o "abismo". Disse ainda avaliar que o presidente Jair Bolsonaro é "fruto" do PT.

Simone Tebet integra o grupo de políticos que se dizem de "terceira via", isto é, que não estão com Lula nem com Bolsonaro. Outros pré-candidatos também se apresentaram como alternativa aos dois, entre os quais Ciro Gomes e João Doria (PSDB, que desistiu da disputa).

"Os verdadeiros problemas do Brasil não são enfrentados. Diante desse cenário, me somei como mais uma a estar à disposição do que chamamos de 'centro democrático', a favor do Brasil, de um grande pacto a favor da democracia, dos valores democráticos e, especialmente, da população brasileira. Neste processo, muitos [pré-candidatos] foram ficando pelo caminho", declarou Tebet.

"Estamos diante de uma polarização, e parte da culpa dos problemas do Brasil se deve a isso", acrescentou.

Indagada, então, se a polarização é responsável pela fome, pelas mortes no país e pela crise que o Brasil enfrenta ou se é a "incompetência" do atual do governo, Tebet respondeu:

"É o conjunto. Nós não podemos esquecer também que o atual presidente é fruto também de um desgoverno do passado. Não vamos esquecer que essa polarização, esse discurso de ódio de 'nós contra eles' não vem de agora. Para mim, está muito claro que Bolsonaro é fruto dos excessos, dos equívocos, dos erros do Partido dos Trabalhadores. Um partido que até hoje não veio a público e não teve coragem de dizer ''eu errei, no meu governo teve corrupção'."

Na sequência, Simone Tebet disse que a população tem de lidar com um governo "inoperante, incompetente, que não sabe governar, inerte naquilo que é principal e totalmente insensível com os problemas das pessoas" e com um "governo passado cheio de malfeitos que sequer reconhece o que fez".


Recriação de ministérios

Simone Tebet também defendeu nesta segunda-feira a recriação dos ministérios da Segurança Pública, da Cultura e do Planejamento.

Questionada se a recriação de ministérios pode resolver problemas, a pré-candidata respondeu ter "certeza".

Simone Tebet defendeu a recriação do Ministério da Segurança Pública ao comentar os assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips na região do Vale do Javari, no Amazonas.

Para a pré-candidata do MDB, o "grande problema" da segurança pública no Brasil é a área de inteligência.

"Tenho anunciado que temos que recuperar e recriar o Ministério Nacional da Segurança Pública. Vamos parar de dizer que segurança pública é dos governadores. A União tem condições de coordenar isso, criando o Ministério Nacional da Segurança Pública, e, através, de uma boa governança, dando a estrutura necessária para fiscalização, investigação e punição", declarou.

O Ministério da Segurança Pública foi criado no governo Michel Temer (2016-2018) e extinto no governo Jair Bolsonaro, sendo incorporado pelo Ministério da Justiça.

Fim da reeleição

Ao responder a uma pergunta de um ouvindo do podcast O Assunto, Simone Tebet defendeu o fim da reeleição e mandato de cinco anos para presidente da República.

Para a pré-candidata do MDB, a possibilidade de reeleição faz com que os presidentes topem "qualquer coisa" para se reeleger, ainda que isso "quebre" o Brasil.

"Só se resolve de uma forma: fim da reeleição com cinco anos de mandato. Esse é o caminho certo. Até porque aí não faz sombra com outros partidos", afirmou.

Aborto

Simone Tebet avaliou nesta segunda-feira a cartilha publicada pelo Ministério da Saúde na qual a pasta diz que "não existe aborto "legal"" no país. Por lei, porém, o aborto é permitido em três situações:

  • gravidez decorrente de estupro;
  • risco à vida da gestante;
  • anencefalia

Para Simone Tebet, o documento do Ministério da Saúde é "inconstitucional". "Não vale nada", acrescentou.


Privatização da Petrobras

Sobre a privatização da Petrobras, tese defendida pelo presidente Jair Bolsonaro e em estudo no governo federal, a pré-candidata do MDB disse que o debate é "estéril" no Congresso Nacional porque "não passa".

O Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu que o governo só poder vender estatais com aval do Poder Legislativo.

"Quando digo 'controle' não é intervenção, o governo não pode intervir, mas tem o mínimo de controle [sobre a Petrobras] porque indica o presidente da empresa, seis de seus conselheiros. Então, você tem ali a presença do Estado com sócio majoritário dizendo 'vamos por este caminho, não vamos por este'. [Discutir a] privatização é estéril, na medida em que não passa no Congresso Nacional", disse.

"O problema da Petrobras é outro: temos um presidente que não sabe o que fazer com ela porque é incompetente e inoperante", completou.

Forças Armadas

Simone Tebet também abordou na entrevista a presença de militares no governo. Disse que os militares podem ocupar cargos de natureza política desde que estejam na reserva.

O presidente Jair Bolsonaro é capitão reformado do Exército e, durante o governo, vários militares exerceram cargos de primeiro escalão, entre os quais os generais Walter Braga Netto, Luiz Eduardo Ramos, Fernando Azevedo e Silva, Augusto Heleno, o almirante Bento Albuquerque, além do vice-presidente Hamilton Mourão, também general.

"Na parte administrativa, isso não me preocupa. Mas qualquer general, militar da ativa, para ir para um ministério tem que ir para a reserva. Aí, sim, você está falando de cargos políticos. [...] Confio muito nas Forças Armadas, acho que estão amadurecidas, são responsáveis e estão prontas para defender a democracia", disse.

Questionada, então, sobre como avalia a sugestão do presidente Jair Bolsonaro para que as Forças Armadas façam uma apuração paralela de votos nas eleições deste ano, Tebet disse ser uma "tentativa de fragilizar a democracia". Bolsonaro costuma atacar as urnas eletrônicas, mas jamais apresentou provas de eventuais fraudes.

"É assim que é a nova forma de se flertar com o autoritarismo, e não dando um golpe no estilo tradicional. Você simplesmente tenta desmoralizar, descredenciar e tirar a credibilidade das instituições que são instituições de defesa da democracia. Acontece isso quando se cria crises que não existem e agride o jornalismo brasileiro, a imprensa livre, faz isso quando agride de forma desproporcional a política brasileira", respondeu.


Democracia

Simone Tebet também fez uma defesa da democracia, afirmando que, sem a democracia, não há igualdade de oportunidades para as pessoas.

A pré-candidata, então, foi questionada sobre uma outra entrevista, na qual se disse "surpresa" com supostas ameaças do presidente Jair Bolsonaro à democracia, embora Bolsonaro já tivesse defendido a ditadura militar e torturadores em ocasiões anteriores.

"Ninguém poderia imaginar estarmos em pleno 2022 discutindo questões como debate a respeito do resultado de uma eleição que sequer aconteceu. Não imaginava que chegaria nesse porte", respondeu.

Simone Tebet disse acreditar que estará no segundo turno e que, se perder, aceitará o resultado. Questionada sobre o que fará se não estiver no segundo turno, respondeu: "Eu posso dizer o que não vou fazer. Não estarei assistindo na sala, em frente à televisão, vou estar em um palanque eleitoral, defendendo a democracia, defendendo as propostas de país que possam efetivamente tirar o país dessa vergonhosa estática de ser um dos países mais desiguais do mundo".

Combate à fome

Durante a entrevista a O Assunto, Simone Tebet foi questionada sobre o que pretende fazer se eleita para combater a fome.

Pesquisa divulgada há cerca de duas semanas mostrou que mais de 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil atualmente.

A pré-candidata do MDB, então, defendeu que haja:

  • "transferência de renda permanente";
  • "novo Bolsa Família" (Tebet citou eventuais exigências, como carteira de vacinação, presença na escola e apuração sobre eventual violência em casa);
  • "educação como pauta prioritária nacional"

"O objetivo principal da minha candidatura é erradicar a miséria. Erradicar mesmo. Diminuir a pobreza. Não é possível admitir um país, da grandeza do nosso, ter uma criança dormindo com fome", acrescentou.

Proteção da mulher x armas

Durante a entrevista a O Assunto, Simone Tebet disse que as mulheres, maioria da população, deveriam ser ouvidas pelo poder público antes de o acesso a armas de fogo ser facilitado.

"Pergunte para as mulheres se elas querem uma arma nas mãos de seus companheiros, nas mãos de seus filhos. [...] A pauta do Brasil é outra, é urgente: fome, miséria, diminuir a desigualdade social, dar oportunidade para os nossos filhos de ter o mínimo", disse.

Questionada, então, sobre ter votado a favor do projeto que prevê a extensão do porte e da posse de arma de fogo na zona rural, Simone Tebet respondeu:

"Elas [armas] são uma ameaça. Mas não vamos esquecer que na zona rural — e eu sou da zona rural, eu conheço a zona rural — as armas de fogo já existem e já estão nas mãos dos proprietários rurais e até mesmo de seus funcionários, que vão trabalhar e ficam o dia inteiro com um facão na cinta e uma arma e deixam mulheres e filhos numa sede a quilômetros de distância de uma delegacia. As armas já circulam lá, só que a mulher não tem a proteção."


Mulheres na política

Simone Tebet também abordou na entrevista a presença de mulheres na política. A pré-candidata foi questionada sobre uma foto na qual aparece acompanhada dos presidentes do PSDB (Bruno Araújo), do Cidadania (Roberto Freire) e do MDB (Baleia Rossi) e de outros parlamentares homens.

"Nós precisamos de mais mulheres na política. Somos um dos últimos países do mundo em representação feminina na política. Temos 15% de mulheres. E não é porque mulher não se interessa por política ou porque mulher não vota em mulher", declarou.

Informalidade e mercado de trabalho

A taxa de informalidade medida pelo IBGE atingiu 40,1% da população ocupada no 1º trimestre, se mantendo próxima da máxima histórica de 40,9%, reunindo um total de 38,2 milhões de trabalhadores.

Questionada sobre o tema, Simone Tebet disse não ser possível acabar com a informalidade no mercado de trabalho, mas disse ser possível reduzir o índice atual oferecendo ensino profissionalizante a jovens a partir do último ano do ensino médio.

"Como diminuir a informalidade? Fazendo o Brasil voltar a crescer. Automaticamente, você abre novas formas de emprego. Quando você qualifica a mão de obra e fala para o jovem que ele vai ter ensino profissionalizante, as portas da formalidade se abrem", declarou.

Fonte: Redação do blog com g1

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