Os líderes dos países da União Europeia concordaram em conceder à Ucrânia e à Moldávia o status de candidatas a entrar no bloco. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (23) em uma reunião em Bruxelas .
O processo de integração ao bloco dos países, no entanto, pode demorar anos.
Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em foto ao lado de Emmanuel Macron, Olaf Scholz, Mario Draghi e Klaus Iohannis — Foto: Ludovic Marin/REUTERS
Foi preciso um consenso para que os 27 países da União Europeia aprovassem a candidatura da Ucrânia, já apoiada anteriormente pela Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, e pelas principais economias do bloco, embora alguns membros tenham se mostrado relutantes.
A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, pediu para que os líderes europeus concordem com o pedido do governo da Ucrânia.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que, na quarta-feira, realizou "uma maratona telefônica" durante a qual conversou com 11 líderes europeus para defender a candidatura.
Esse cenário de acolhimento à Ucrânia, inimaginável até recentemente, foi imposto ao bloco comunitário com a guerra iniciada pela Rússia há quatro meses.
Imperialismo russo
Ursula von der Leyen escreveu em uma rede social que a decisão "fortalece a Ucrânia, a Moldávia e a Geórgia frente ao imperialismo russo".
De acordo com o "New York Times", a decisão da União Europeia de legitimar a candidatura ucraniana deve irritar a Rússia, que já descreveu as aspirações da Ucrânia de se alinhar às instituições do Ocidente como uma provocação e uma interferência na esfera de influência russa.
Outros países
Líderes de países a região dos Bálcãs Ocidentais que negociam há vários anos sua adesão não esconderam seu descontentamento.
Prédio em Bucareste, na Romênia, apresenta bandeira da União Europeia do lado de fora — Foto: Bogdan Cristel/REUTERS
O primeiro-ministro da Albânia (país candidato à adesão que aguarda novidades desde 2014), Edi Rama, afirmou que a Ucrânia não deve ter "ilusões" sobre o sucesso de sua candidatura.
"A Macedônia do Norte é candidata há 17 anos, se não perdi a conta. A Albânia, há 8. Então, bem-vinda, Ucrânia. É bom que a Ucrânia tenha reconhecido o status (de país candidato). Mas espero que os ucranianos não tenham ilusões", disse.
Resistência inútil
Na frente da guerra, as tropas ucranianas perderam o controle de duas localidades da região do Donbass, no leste do país, em meio a combates para manter sua soberania nas cidades de Severodonetsk e Lysychansk, informou o governador de Luhansk.
"Perdemos o controle de Loskutivka e de Rai-Oleksandrivka", disse Serguei Gaiday, em referência a duas localidades que ficam ao sudeste de Lysychansk.
Com isso, as tropas russas conseguiram avançar ainda mais no Donbass, onde parecem estar perto de cercar os dois núcleos urbanos de Severodonetsk e Lysychansk, separados pelo rio Donets.
Gaiday afirmou que as forças russas tentam assumir o controle de Severodonetsk, uma cidade industrial que antes da guerra tinha quase 100 mil habitantes e que os militares ucranianos tentam defender.
Militar ucraniano dispara com lançador de granadas em meio à invasão da Ucrânia pela Rússia em Bakhmut, na região de Donbass — Foto: Gleb Garanich/REUTERS
A Ucrânia recebe ajuda militar ocidental e agora adicionou sistemas de lançamento de mísseis Himars dos Estados Unidos ao seu arsenal, anunciou o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, sem especificar quantos lançadores de foguetes chegaram.
Com alcance de 80 km, esse sistema tem a vantagem de ser muito preciso, superior ao dos russos. No entanto, um representante dos separatistas pró-Rússia chamou a resistência ucraniana em Lysychansk e Severodonetsk de "inútil".
"Acho que no ritmo que nossos soldados estão indo, muito em breve todo o território da República Popular de Lugansk será libertado", disse o tenente-coronel Andrei Marochko.
Os atentados estão ocorrendo em outras partes do país, como na região nordeste de Kharkiv, onde quinze pessoas morreram na terça-feira, e na cidade de Mikolaiv, no sul, onde a Rússia anunciou na quinta-feira que destruiu 49 tanques de combustível e três veículos blindados.
Putin pede cooperação aos Brics
Reunião dos Brics — Foto: Reprodução
O presidente russo, Vladimir Putin, pediu aos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) maior cooperação para lidar com as "ações egoístas" dos países ocidentais.
Putin denunciou as tentativas desses países de "usar mecanismos financeiros para responsabilizar todos por seus próprios erros de política macroeconômica". Segundo Putin, os Brics poderiam contar com o apoio de "vários países da Ásia, África e América Latina que aspiram por uma política independente".
O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, pediu aos países africanos que "se mantenham juntos à Ucrânia" e que "não comprem cereais ucranianos roubados" pelas forças russas.
A cúpula europeia desta quinta-feira, em Bruxelas, será seguida por outra do G7, com as grandes potências ocidentais, e uma terceira da Otan, da qual participará o presidente dos EUA, Joe Biden.
Essas três reuniões discutirão como ajudar financeiramente a Ucrânia. De acordo com a Casa Branca, Volodimir Zelensky intervirá nas reuniões do G7 e da Otan, por videoconferência.
Fonte: Redação do blog com G1