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Índia

Quem é Dalai Lama, líder espiritual budista que causou polêmica ao beijar criança na boca

O líder espiritual teve de se desculpar após um vídeo em que ele beija uma criança na boca e depois pede para ela "chupar" sua língua, em um evento no norte da Índia.

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ma polêmica envolvendo Dalai Lama chamou atenção nesta segunda-feira (10). O líder espiritual teve de se desculpar após um vídeo em que ele beija uma criança na boca e depois pede para ela "chupar" sua língua, em um evento no norte da Índia.

Em um comunicado divulgado nesta segunda, o escritório do Dalai Lama disse que "deseja se desculpar com o menino e sua família, bem como com seus muitos amigos em todo o mundo, pela dor que suas palavras podem ter causado", acrescentando que "lamenta" o incidente ocorrido.

"Sua Santidade costuma provocar as pessoas que conhece de maneira inocente e divertida, mesmo em público e diante das câmeras", diz o texto.

O episódio aconteceu em fevereiro, mas repercutiu nesta semana. A identidade do menino não é conhecida. Ele estava em um evento com a M3M Foundation, braço filantrópico da imobiliária indiana M3M Group, com sede em Dharamshala, onde o Dalai Lama vive em exílio permanente.


A instituição pontuou que condena "toda forma de abuso infantil". Entenda o que sabemos sobre o caso através desta matéria.

Abaixo, saiba quem é o líder espiritual.

Segundo a crença budista, os Dalai Lamas são considerados as manifestações do Bodhisattva (Buda) da Compaixão, que escolheu reencarnar para servir ao povo. Ainda conforme a religião, ele reencarnou 13 vezes desde 1391, quando nasceu o primeiro de seus encarnados. Normalmente, um método antigo é usado para encontrar o novo líder.

A busca começa quando o Dalai Lama anterior morre. Às vezes, ela é baseada em sinais que a encarnação anterior deu antes de morrer.

Em outras, os principais lamas - monges ou sacerdotes de vários níveis de idade que ensinam o budismo - seguem para um lago sagrado no Tibete, chamado Lhamo Lhatso, e meditam até ter uma visão de onde procurar o sucessor.

Em seguida, eles enviam para o local da visão grupos de busca por todo o Tibete, à procura de crianças que são "especiais" e nascidas um ano após a morte do Dalai Lama, de acordo com Ruth Gamble, especialista em religião tibetana na Universidade La Trobe em Melbourne, Austrália.

Assim que encontram vários candidatos, as crianças são testadas para determinar se são a reencarnação do Dalai Lama. Alguns dos métodos incluem mostrar a elas itens que pertencem ao lama falecido, ou seja, a encarnação anterior.

Este Dalai Lama, o 14º Dalai Lama Tenzin Gyatso, é a 74ª manifestação de Avalokiteshvara Bodhisattva, o Buda iluminado da compaixão. De acordo com sua biografia oficial, sua descoberta aconteceu quando ele tinha dois anos.

Ele nasceu em 6 de julho de 1935 (87 anos), em Taktser, Amdo, no Tibete Oriental, onde apenas 20 famílias lutavam para viver da terra. Seu nome de nascimento era Lhamo Dhondup.

Ainda pequeno, ele reconheceu um lama sênior que havia se disfarçado para observar as crianças locais e identificou com sucesso vários itens pertencentes ao 13º Dalai Lama, seu antecessor.

Em sua autobiografia, "Minha Terra e Meu Povo", o Dalai Lama escreveu que lhe foram entregues conjuntos de itens idênticos ou semelhantes (incluindo rosários, bengalas e tambores) nos quais um deles pertencia à encarnação anterior do Dalai Lama e outro que era comum. Em todos os casos, ele escolheu o objeto correto.

Os tibetanos normalmente se referem a Sua Santidade como Yeshe Norbu, a Joia que Realiza Desejos, ou simplesmente Kundun - A Presença.

Ele viajou por vários países com uma mensagem de tolerância religiosa e cultural e de paz, tendo recebido o Prêmio Nobel da Paz em 1989, em reconhecimento por sua luta não violenta pela independência de seu país.

O líder espiritual está na Índia desde 1959, após um levante tibetano malsucedido contra as forças de ocupação chinesas. Mais tarde, ele estabeleceu um governo no exílio, na cidade de Dharamshala, no norte da Índia, liderando milhares de tibetanos que o seguiram até lá.

Desde 1974, disse que não busca a independência da China para o Tibete, mas uma "autonomia significativa" que permitiria ao país preservar sua cultura e herança. Hoje, o governo da China o vê como um separatista.

Ele afirmou anteriormente que quando fizesse 90 anos decidiria se deveria reencarnar ou não. Entretanto, essa questão ultrapassou a barreira religiosa e pode gerar uma crise política na China.

Em 2007, o Departamento de Assuntos Religiosos do governo chinês publicou um documento que estabeleceu "medidas de gerenciamento" para a reencarnação de Budas tibetanos vivos.

O documento afirma que as reencarnações de figuras religiosas tibetanas devem ser aprovadas pelas autoridades governamentais chinesas, e aquelas com "impacto particularmente grande" devem ser aprovadas pelo Conselho de Estado, o principal órgão do governo civil da China.

O Dalai Lama acrescentou que, se optar por reencarnar, a responsabilidade de encontrar o 15º sucessor recairá sobre o Gaden Phodrang Trust, um grupo com sede na Suíça que ele fundou após ir para o exílio para preservar e promover a cultura e apoiar o povo tibetano.

Também destacou que sua reencarnação deveria ser realizada "de acordo com a tradição do passado". "Vou deixar instruções claras por escrito sobre isso", ressaltou em 2011.

A reencarnação do Dalai Lama nem sempre foi encontrada no Tibete. O quarto Dalai Lama foi encontrado na Mongólia, enquanto o sexto Dalai Lama nasceu no que é atualmente Arunachal Pradesh, na Índia.

Outras polêmicas

O incidente de fevereiro não é a primeira vez que o octogenário gera polêmica nos últimos anos.

Ele se desculpou após uma entrevista de 2019 para a BBC, durante a qual disse que se uma mulher Dalai Lama deveria sucedê-lo, ela "deveria ser mais atraente".

No ano anterior, ele sugeriu que a Europa deveria ser mantida para os europeus, ao falar sobre o aumento do nível de refugiados africanos entrando no continente.

"Toda a Europa (irá) eventualmente se tornar um país muçulmano? Impossível. Ou país africano? Também impossível", comentou, acrescentando que é melhor "manter a Europa para os europeus".

*com informações de Roberta Russo, Manveena Suri, Rhea Mogul, Tenzin Dharpo e Ben Westcott, da CNN

Fonte: CNN Brasil

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