Neste sábado (29), o paraibano Pedro Américo, nascido em Areia, no Brejo, faria 180 anos. Pedro Américo teve notoriedade internacional, respeito da elite intelectual de sua época e admiração do povo. O paraibano colecionou muitas carreiras ao longo de sua vida, dentre elas a de professor, político, filósofo, ensaísta, teórico de arte, cientista, poeta e romancista brasileiro.
Mesmo com vasto currículo, Américo é reconhecido como um dos pintores acadêmicos mais importantes do Brasil, e, sem dúvidas, deixou sua marca com obras de significativo impacto em grande escala. O estilo de pintura do paraibano promovia a fusão de elementos realistas, românticos e neoclássicos.
E uma dessas pinturas importantes da carreira de Pedro Américo é a arte de Judith e Holofernes, produzida pelo artista em 1880.
A história de Judith e Holofernes
Judith era uma moradora da cidade de Betúlia, que tinha o judaísmo como religião principal. A mulher era jovem, bela e inteligente, e recentemente havia ficado viúva de um dos líderes da cidade. O outro protagonista do conto é Holofernes, que foi um general assírio que lutava sob as ordens do rei Nabucodonosor. O general havia recebido ordens de invadir a cidade de Judith e realizou um cerco à cidade.
O conto começa com o cerco a Betúlia e o processo antes do encontro entre Judith e Holofernes. A mulher descobre o acampamento assírio nos arredores da cidade e, com o intermédio do Deus judaico-cristão, ela cria um plano para invadir e derrotar os assírios com o mínimo possível de derramamento de sangue e tragédias. Dessa forma, Judith e uma de suas criadas se juntam e vão ao acampamento assírio, onde ganham a confiança dos homens mais influentes, incluindo Holofernes.
Numa determinada noite, o general convida a viúva para seus aposentos, onde o casal bebe por horas. Judith se resguarda para que esteja consciente e que o general beba até desmaiar e, quando isto ocorre, ela saca uma espada e arranca a cabeça do homem, agradecendo aos céus e deixando o corpo dele para trás, enquanto sai do acampamento com sua criada com a cabeça de Holofernes embrulhada em panos.
Ela retorna a Betúlia e convoca os líderes e o povo da cidade à praça principal, onde ela revela a cabeça decepada do comandante inimigo e recebe uma infinidade de honrarias.
Pintura de Pedro Américo
Pedro Américo, artista plástico paraibano — Foto: Reprodução/Além do Ipiranga
A obra "Judith e Holofernes" do pintor brasileiro Pedro Américo foi feita em 1880 e é um óleo sobre tela que se encontra, atualmente, no Museu Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro.
No centro da obra, se apresenta uma jovem caucasiana com as mãos estendidas aos céus e seu olhar acompanha a direção dos seus braços. Ela veste roupas bem decoradas e leves. Ao fundo, vários tecidos estampados armam a estrutura do acampamento e tapetes forram o chão no qual é possível observar uma faca ensanguentada e uma cabeça decapitada, enquanto às sombras dos tecidos pendurados é possível observar uma espécie de divã.
Pedro Américo não poupou detalhes. As mãos da moça erguidas aos céus trazem à tona a simbologia de adoração cristã e expõem que a jovem só realizou seus feitos por que era submissa ao seu Deus.
A obra do paraibano também se mostra muito discreta. A cabeça de Holofernes não está muito exposta e o corpo do general não aparece na cena, diferentemente da obra produzida por Artemísia Gentileschi. O máximo de sinais de que Judith decapitou Holofernes é a faca ensanguentada.
Fonte: Da Redação com g1PB