Ao assumir uma identidade de liderança anti racista no espaço escolar muitos de nós professores somos acusados de promover uma resistência sem nenhum motivo, pois a base do pensamento que levanta essa ideia defende a igualdade universal (propagada pela razão iluminista), portanto para essas pessoas não haveria nenhum problema social institucional, mas um problema individual daqueles que não querem melhorar, tem preguiça ou algo do tipo; esse é o famoso discurso da meritocracia que impede que enxerguemos a estrutura racista de nossa sociedade.
Professor@s Antirracistas que colocam em pauta o racismo como um dos problemas sociais tendem a ser desqualificados. Tenha certeza que vamos ser acusados de inventar problemas onde não existe, nossa fala vai virar mimimi, seremos acusado de doutrinação além de nossa emoção chegar "à flor da pele".
Como manter o discurso sem se afetar tanto emocionalmente? Em minha pequena, mas intensa experiência em sala de aula, percebi que discursos inflamados, legítimos de justiça social para as demandas afro-brasileiras, eram apoiadas por alguns grupos de alun@s, mas totalmente rejeitados por outros, ou ignorados por muitos e o silencio em respeito a aula e a professora não significava concordância com a realidade de discriminação. Isso era frustante.
Portanto comecei a apenas questionar e refletir as temáticas das relações étnico raciais sem a preocupação de ver a mudança concretizada naquele bimestre ou ano letivo, foi difícil, pois enquanto professor@s antirracistas queremos já a justiça social. Entretanto é importante perceber nossas limitações diante uma estrutura historicamente construída que levará tempo para ser superada. O importante é manter a ação de criar espaço de conscientização diante nossos questionamentos e reflexões da realidade de desigualdade racial.
Sabemos de nossa responsabilidade ao assumirmos um posicionamento antirracista e queremos evidenciar a pauta das relações étnico racial as no espaço escolar para sermos uma das possibilidades de ação de justiça social e evidenciação de positividade da história cultura africana e afro-brasileira no chão da escola
Não devemos temer, mas nos valorizar, pois sabemos que se chegamos a nos identificar com uma identidade antirracista, sabemos que temos a consciência de que nossas ações tem o objetivo de empreender uma educação mais democrática em nossa sociedade. Entretanto como sempre digo usem a malandragem a vosso favor é muito importante que você analise o chão que você está pisando.
O que eu quero dizer com isso é o seguinte, dependendo da realidade escolar que você transite seu discurso não pode ser militante, apesar de toda a configuração de militância que o discurso da educação antirracista tenha, porque em determinadas conjunturas conservadoras e fundamentalistas, ou a realidade da escola particular que você entre herói as 13h e as 17h sai vilão, faz com que você perceba as variantes de como agir, você tem toda razão em por em prática as demandas de injustiça social em sala de aula, mas o que é um direito pode virar uma resistência sem causa nas mentes conservadoras, então promova a discussão das demandas da história cultura africana e afro-brasileira a partir de reflexões e questionamentos para aí sim provocar a conscientização, uma boa saída é promover pesquisas, analisar reportagens, mediar as considerações d@s alun@s por meio de provocações a respeito de como a argumentação foi inclusiva ou tende a segregar ou ser individualista e o que seria melhor para a sociedade que é diversa. Para isso estude muiiiitooo
Estude muito conceitos e traga novas perspectivas sobre educação das relações étnico raciais para a sala de aula. Conceitos como: identidade, racismo, imaginário, diversidade, pensamento moderno ocidental, entre outros que promovam o empoderamento de sua fala e argumentação diante de argumentos conservadores que porventura irão transitar na sua sala de aula.
Provoque seus alunos a refletir que tipo de pensamento são mais inclusivos e que tipo de pensamentos são segregadores buscando sensibilizar novas gerações a respeito da valorização da diversidade e acesso aos direitos de grupos minoritários historicamente marginalizados.
E isso não é tudo, mas nos posicionando já avançaremos bastante.
Eu sou Lavini Castro Educadora Antirracista.