Na última semana, a Quaest divulgou uma pesquisa com as taxas de aprovação do governo Lula e também uma pesquisa de intenção de votos para a eleição presidencial de 2026. Segundo a pesquisa, 52% da população aprova o trabalho de Lula, enquanto 47% reprova. Na avaliação geral do governo, a taxa de positivo é de 33%, regular de 34%, e negativo de 31%. O governo já viveu melhores momentos de avaliação, mas o cenário em relação às pesquisas realizadas ao longo do último ano é de estabilidade, com uma leve vantagem da avaliação positiva. A seguir, abordo algumas questões que podemos observar dos números da pesquisa.
A estabilidade nas taxas de aprovação/desaprovação é uma faca de dois gumes para o governo. Do lado positivo, demonstra uma resiliência da avaliação positiva, mesmo num cenário desfavorável com a inflação estourando o teto da meta, puxada principalmente pela inflação dos alimentos, que é o que mais afeta o bolso da população.
Por outro lado, a margem estreita entre aprovação/desaprovação é um alerta para que, a permanecer esse cenário, a avaliação pode ser invertida e se tornar mais desfavorável para o governo. Numa conjuntura de crescimento acima do projetado, desemprego em baixa e massa salarial crescendo, é um momento bastante propício para o governo promover um ajuste fiscal mais extenso, controlar o aumento da dívida pública e ancorar as expectativas de inflação. O Banco Central está fazendo a sua parte, falta o governo contribuir.
Na esteira da avaliação de governo, vem a pesquisa de intenção de votos. Por enquanto, o sentimento da população é de continuidade, não de mudança. Isso se reflete nos números de Lula, que vence por uma margem confortável em todos os cenários e, na ausência dele, o nome de Haddad também segue na dianteira. Além disso, Jair Bolsonaro, que permanece sendo o principal nome da oposição, apesar de inelegível, pontua com uma rejeição de 57%, patamar proibitivo a qualquer expectativa de sucesso eleitoral, e parte considerável dessa rejeição deve ser transferida para o sucessor que ele indicar. Ressalto, no entanto, que a essa altura do campeonato, uma pesquisa de intenção de voto serve mais para entender o sentimento da população, que pode ser continuidade ou mudança. Por ora, é de continuidade.