
O filme Substância (2024), dirigido por Coralie Fargeat, destaca-se inicialmente por seu estilo visual marcante e pela dispensa de diálogos excessivos. A narrativa, que acompanha a história de Elizabeth (Demi Moore), utiliza vinhetas bem elaboradas e um realismo chocante em algumas cenas.
No entanto, a produção se revela artificial ao tentar transmitir uma mensagem sobre a degradação feminina em busca da satisfação dos desejos masculinos. Os personagens masculinos são retratados de forma caricatural e extrema, com destaque para o produtor Harvey (Dennis Quaid), uma figura grotesca.
Elizabeth, uma atriz em declínio, é demitida de seu programa de fitness por ser considerada "muito velha", aos 50 anos. Em busca de uma solução, ela experimenta a substância do título, que a divide em duas: ela mesma e uma versão jovem chamada Sue (Margaret Qualley).
A luta entre as duas personalidades e a transformação de Elizabeth em um monstro são retratadas com cenas de seringas, feridas purulentas, peles em degeneração e muito sangue. A diretora, inclusive, assume ter se inspirado no filme A Mosca, de David Cronenberg, conhecido por suas degenerações corporais.
Apesar do esforço de Demi Moore em mostrar seu talento, a falta de envolvimento com a personagem é evidente. A exploração dos corpos nus das atrizes, embora carregue o selo "feminista", não impede que a produção se torne longa e com um final sem lógica.
"Para satisfazer os desejos eróticos dos homens, as mulheres não aceitam o envelhecimento e se degradam até se transformarem em monstros." - Trecho da mensagem central do filme.
A indicação do filme a cinco Oscars é um reflexo do atual estado da premiação, que parece valorizar mais a mensagem do que a qualidade da produção.
O filme falha ao apresentar personagens vazios e caricaturas em um ambiente de degradação. A tentativa de transmitir uma mensagem feminista se perde em meio a cenas grotescas e à falta de profundidade na construção dos personagens.
A crítica especializada tem apontado que a abordagem de Fargeat sacrifica a substância narrativa em favor do choque visual, resultando em uma experiência cinematográfica que, apesar de tecnicamente competente em alguns aspectos, carece de ressonância emocional e profundidade temática. A exploração excessiva do gore e da degradação física, embora alinhada com o estilo da diretora, acaba por obscurecer qualquer potencial mensagem subjacente, transformando o filme em um exercício de estilo vazio e pretensioso.
Enquanto a indústria de Hollywood continua a premiar produções que se encaixam em narrativas predefinidas, filmes como "A Substância" levantam questões sobre a direção que a premiação está tomando, priorizando a mensagem em detrimento da qualidade artística e da coerência narrativa. A crescente ênfase em temas politicamente carregados pode estar comprometendo a integridade da premiação, transformando-a em um palco para manifestações ideológicas em vez de uma celebração genuína do talento cinematográfico.
*Reportagem produzida com auxílio de IA