Em um país de dimensões continentais como o Brasil, é natural que existam diferenças regionais marcantes. Contudo, é imperativo questionarmos a validade da crença de que abraçar a todos de maneira equitativa seja uma tarefa impossível. Precisamos lançar luz sobre o preconceito e a soberba que emanam daqueles que, por se considerarem mais ricos financeiramente e desfrutarem de melhores condições industriais e infraestrutura, acreditam ter a melhor educação do país.
Não faz muito tempo que testemunhamos a insatisfação de alguns sulistas do Brasil, expressando opiniões desdenhosas sobre o nordeste brasileiro. Rotulados como renegados da seca, entregues à própria sorte e descritos como "bandos de analfabetos" dependentes das migalhas do governo, os nordestinos foram alvo de estereótipos discriminatórios que refletiam não apenas ignorância, mas também uma falta de compreensão das riquezas culturais e históricas da região.
A ironia do destino se revela nas notas do ENEM de 2024, as quais demonstram, de maneira incontestável, a capacidade de superação das diversidades escolares, educacionais e financeiras do Nordeste brasileiro. Não apenas superaram as expectativas, mas emergiram como campeões na pontuação de redação.
Os resultados do ENEM refutam, de maneira contundente, a narrativa preconceituosa que menospreza a capacidade intelectual do Nordeste. Os estudantes da região não são apenas alunos dedicados, mas também detentores de uma resiliência admirável, enfrentando obstáculos estruturais e socioeconômicos com determinação e fervor.
É crucial reconhecer que a educação de qualidade não é privilégio de uma região específica, mas uma conquista possível em todas as partes do Brasil. Os números do ENEM revelam não apenas o potencial do Nordeste, mas também apontam para a necessidade de desconstruir estereótipos que perpetuam a desigualdade educacional.
Viva o Nordeste Brasileiro, que não apenas desafia as adversidades, mas também inspira uma reflexão profunda sobre a necessidade de quebrar barreiras geográficas e sociais em busca de uma educação verdadeiramente inclusiva e igualitária em todo o país.
Por: Paulo Pereira - Prof. de História