O municĂpio de Santa Luzia, na ParaĂba, encontra-se no centro de uma polĂȘmica envolvendo obras pĂșblicas financiadas com emendas do relator, popularmente conhecidas como "orçamento secreto", indicadas pelo deputado federal Hugo Motta (Republicanos). As investigações, conduzidas pelo MinistĂ©rio PĂșblico Federal (MPF) e pela PolĂcia Federal (PF), apuram possĂveis irregularidades em contratos que somam milhões de reais.
Uma das obras sob escrutĂnio Ă© a reforma da praça de Santa Luzia, que gerou protestos de moradores e questionamentos na Justiça. A construção de quiosques na praça teria bloqueado o acesso de veĂculos a residĂȘncias e beneficiado comerciantes em perĂodo eleitoral, conforme alegações de moradores que acionaram o Tribunal de Justiça da ParaĂba (TJ-PB).
Apesar de o TJ-PB ter suspendido temporariamente a obra no ano passado, a construção foi retomada após autorização judicial em fevereiro deste ano. O empresĂĄrio RicĂĄssio Ferreira do Nascimento, da construtora investigada, nega qualquer irregularidade.
"Paramos a obra por conta de problemas na Justiça, mas vamos finalizar. Minha construtora estĂĄ em dia, meu meio de vida Ă© esse", disse Nascimento ao UOL.
"Sempre vem denĂșncia de um lado ou do outro, mas quando eu ganho a licitação eu ganho realmente no preço." concluiu Nascimento.
AlĂ©m da reforma da praça, o MPF tambĂ©m investiga a construção do Parque de Eventos de Santa Luzia, financiada com R$ 3,2 milhões em emendas de relator indicadas por Hugo Motta em 2021. O vereador Ricardo Morais (MDB) denunciou possĂveis irregularidades, como superfaturamento e falhas na fiscalização do contrato, apresentando imagens que supostamente comprovam o uso de materiais de qualidade inferior à contratada.
Outra obra sob suspeita envolve a cidade de Patos, onde Nabor Wanderley (Republicanos), pai de Hugo Motta, Ă© o prefeito. O MPF apura irregularidades na recuperação de avenidas da cidade, financiada com R$ 4,7 milhões em emendas de relator. Em setembro de 2023, a PolĂcia Federal e o MPF deflagraram uma operação para investigar essa obra.
No fim de 2024, o MPF analisou se a investigação deveria continuar na esfera federal. A procuradoria em Campina Grande sugeriu o arquivamento, alegando que se tratava de uma questão municipal. No entanto, a 5ÂȘ Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, em BrasĂlia, decidiu manter a apuração, seguindo jurisprudĂȘncia do STF que determina que a Justiça Federal deve fiscalizar transferĂȘncias especiais.
Este caso se junta a tantos outros escândalos que vemos no Brasil, onde polĂticos se aproveitam de brechas na lei para desviar recursos pĂșblicos. Ă preciso que as autoridades competentes apurem rigorosamente essas denĂșncias e punam os responsĂĄveis, caso sejam comprovadas as irregularidades.
A população brasileira, cada vez mais atenta e exigente, não tolera mais a impunidade e a corrupção. Ă fundamental que a sociedade civil continue cobrando transparĂȘncia e responsabilidade dos seus representantes, para que possamos construir um paĂs mais justo e honesto. A esperança reside na atuação firme e imparcial das instituições, como o MPF e a PF, que tĂȘm o dever de investigar e punir os desvios de verbas pĂșblicas.
*Reportagem produzida com auxĂlio de IA